Um "bloco" muito especial sairá às ruas durante o Carnaval de Salvador de 2008. O objetivo dos seus integrantes não é cair na folia, mas avaliar fenômenos como discriminação racial e violência contra a mulher. São cerca de 40 pesquisadores que participarão da aplicação de uma pesquisa encomendada à Unifacs pela Secretaria Municipal da Reparação (Semur).

O grupo – formado por profissionais da própria Unifacs e de outras universidades e dos governos estadual e municipal – ouvirá entre 1,8 mil a 2 mil pessoas, realizando entrevistas e aplicando questionários quantitativos e qualitativos. Parte da pesquisa será realizada com pessoas que trabalham durante a festa, como ambulantes, cordeiros e catadores de lata. Além disso, também serão ouvidos turistas de diferentes classes econômicas que vierem para a festa baiana.

A iniciativa integra as atividades do Observatório de Discriminação Racial e Sexista, coordenado pela Semur, em parceria com a Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial e das Mulheres e outras instituições do poder público e organizações não-governamentais.

De acordo com o professor Carlos Costa Gomes, que coordena o Observatório Interdisciplinar de Segurança Pública do Território – o Carnaval oferece condições privilegiadas para a observação das questões tratadas pela pesquisa. "A festa evidencia problemas, ao colocar num espaço pessoas de classes sociais, gêneros, etnias e orientações sexuais diferentes", explica. Ainda segundo ele, um dado interessante da metodologia adotada é que ela permite que o pesquisador intervenha caso se depare com situações concretas de violência ou discriminação.

Os dados coletados pela pesquisa serão utilizados pelos poderes públicos para avaliar a eficácia das suas políticas de reparação. Os resultados devem ser publicados ainda no primeiro semestre deste ano.