O ciclo KinemAndara: 30 Anos de Cinema do Invisível, em cartaz de 4 a 10 deste mês na Sala Alexandre Robatto, celebra a redescoberta de uma obra rara: curtas-metragens realizados em super 8, na década de 70, em Belém do Pará. Trata-se da muito particular incursão do escritor e poeta Vicente Franz Cecim pelo cinema. Compõem o programa Matadouro (1975), Permanência (1976), Sombras (1977), Malditos Mendigos (1978) e Rumores (1979).

Consideradas perdidas pelo próprio Cecim, que morou em Salvador entre 1985 e 1998, as cópias foram resgatadas em sacos plásticos na antiga morada do realizador. Como que desafiando o tempo e, sobretudo, a atmosfera úmida da região, as latas com os negativos permaneceram por anos depositadas debaixo de uma televisão que nunca é ligada.

Em 2005, os filmes foram restaurados e digitalizados pela Universidade Federal do Pará, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), dentro de um projeto de resgate do cinema brasileiro.

Sobre o cineasta

Vicente Franz Cecim nasceu e vive na Amazônia, em Belém do Pará. Desde 1979 se dedica à invenção de Viagem a Andara, o Livro Invisível, que denomina de não-livro, pois não é escrito, segundo ele, mas é de onde emergem todos os livros visíveis que compõem a Viagem a Andara, concebida e escrita em volumes individuais, dos quais 13 já foram publicados no Brasil e em Portugal.

A reunião dos seus sete primeiros livros, em volume único (Iluminuras, Brasil, 1988), recebeu o Grande Prêmio da Crítica da APCA e o seu mais recente livro publicado, Ó Serdespanto (Íman, 2001, Portugal), foi apontado pela crítica portuguesa, em consulta a 14 críticos pelo jornal O Público, como um dos melhores lançamentos do ano.