Na próxima segunda-feira (21), às 9h30, na sala de convenções do Hotel Portobello, em Ondina, será lançada a Campanha Estadual de Enfrentamento à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, uma iniciativa do Comitê Estadual de Enfretamento à Violência Sexual contra Crianças Adolescentes. Na oportunidade, será divulgado o resultado da pesquisa “As identidades dos caminhoneiros”, resultado de uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Conforme o presidente do Comitê, Valdemar Oliveira, este ano, a campanha ganhou mais apoio do governo baiano, que terá uma participação mais efetiva. Além disso, a campanha ganhou também um caráter mais prolongado, devendo se estende até o final do ano, diferentemente do que aconteceu nas campanhas anteriores, que duravam apenas do período pré-carnavalesco até maio.

Oliveira explica ainda que o objetivo é envolver os três segmentos do poder público e ampliar a campanha para 100 municípios do recôncavo, sul e extremo sul. As campanhas anteriores geralmente aconteciam na capital e Região Metropolitana. De acordo com ele, se propõe a aprimorar a articulação entre os componentes da rede de enfrentamento, que atualmente conta com 74 organizações governamentais e não-governamentais.

O aprofundamento dos diagnósticos para uma melhor atuação dos órgãos competentes vai marcar a ação do Estado no enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes em 2008. A pesquisa “As identidades dos caminhoneiros”, é um exemplo dessa proposta do governo para melhorar a sua atuação no combate à questão da exploração sexual de crianças e adolescente.

Coordenado pela socióloga Marlene Vaz, o estudo diagnostica o perfil do profissional caminhoneiro, permitindo o planejamento de ações práticas preventivas e de combate à exploração sexual comercial de garotas nas rodovias e postos de combustível no Estado. “As pessoas continuam ouvindo e repetindo a mesma concepção sobre o profissional caminhoneiro, na maioria das vezes reforçando preconceitos e construindo estereótipos. O que esta pesquisa quer mostrar são os códigos culturais e sociais desses profissionais e pensar sobre eles desconfiando daquilo que sempre pareceu óbvio. Trata-se de descobrir sua dimensão humana para convidá-los a ser protetores de nossas meninas pobres nas rodovias”, explica Marlene Vaz.

Na pesquisa, foram selecionadas as BRs-101 e 324 pelo significativo fluxo de caminhões, além de atravessarem municípios com altos índices de exploração sexual. Foram entrevistados 161 caminhoneiros, de 20 a 72 anos, de 18 estados brasileiros. Eles foram abordados nas rodovias entre julho e agosto de 2007.

Segundo o estudo, a pobreza é a principal causa da exploração sexual comercial de meninos e meninas. Combater e evitar que a prostituição infanto-juvenil seja a única alternativa de sobrevivência são ações da agenda política e social do governo da Bahia, que tem adotado uma série de medidas com esse objetivo, segundo informa a coordenadora da Proteção Social Especial da Sedes, Irani Lessa. “Estamos qualificando e ampliando os serviços dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas) e vamos construir, junto à rede de enfrentamento, ações mais adequadas para enfrentar este problema”, disse.

Ela explica, ainda, que a exploração sexual é a pior forma de trabalho infantil e exige do Estado intervenções bastante complexas. Irani adianta que os Creas servirão como base das operações dos municípios mapeados, por congregar os serviços da rede de proteção e enfrentamento do risco social de crianças, adolescentes e suas famílias.