Nos últimos três meses de 2007, o verde dos gramados abriu espaço para o azul do mar e, ao invés da bola rolando de pé em pé, o soteropolitano pôde acompanhar de perto o colorido das velas internacionais que invadiram a Baía de Todos Santos.

Na esteira dos barcos, muito mais do que apreciar a tecnologia da Fórmula I dos mares (Jacques Vabre), admirar o espírito aventureiro e a capacidade de superação dos lobos do mar que cruzam o oceano em pequenos veleiros de seis metros e meio, onde só conseguem dormir alguns minutos a cada hora (Transat 6.50), ou simplesmente entender o prazer que envolve os turistas náuticos que passeiam pelos paraísos intocados da Bahia e do Brasil (Iles du Soleil), quem acompanhou os eventos náuticos pôde perceber o oceano de oportunidades, emprego e geração de renda que o segmento pode trazer para a Bahia.

Pesquisa realizada pelos organizadores da Clipper Round The World Yacht Race – a primeira a chegar a Salvador – mostra que apenas nos dez dias em que os dez barcos, que compunham o evento, permaneceram em Salvador, os tripulantes e familiares, que vieram ver a chegada destes, gastaram pouco mais de R$ 500 mil reais no comércio da cidade. Já os skipers (pilotos) da Jacques Vabre, com seus patrocinadores, staff de cada equipe e familiares deixaram na capital baiana, apenas em hospedagem e alimentação, pouco mais de R$ 1,8 milhão.

Números que prometem ser perseguidos também pelos 140 tripulantes dos 35 veleiros que compõem o Rallye Iles du Soleil. “A previsão é de que o rallye deixe em Salvador, este ano, algo em torno de R$ 800 mil só em alimentação, passeios e pequenos reparos que terão de ser feitos nos barcos”, diz Nicola Tiphagne, que integra a organização do evento.

Repercussão internacional

Estes números que parecem ser tão positivos, na realidade, mostram apenas a ponta do iceberg. Quando o foco deixa o campo financeiro para entrar no retorno de mídia, os valores são bem mais expressivos.

Só nos veículos nacionais, foram mais de quarenta reportagens sobre as regatas que chegaram à cidade e conseqüentemente sobre a BTS, Salvador e as belezas e cultura náutica da região.

Na maioria das vezes, os eventos ocuparam espaços considerados nobres em veículos como A Tarde, Correio, Velejar, Náutica, Yacht Life, GO Outsitde, Audi, A Tarde online, Bóia 1, Web adventure, popa.com e praticamente todos os canais de TVs abertos. Para ocupar o mesmo espaço com publicidade, levando em consideração apenas os sete primeiros veículos citados, por exemplo, a Bahia teria que investir mais de um milhão de reais.

Quando a esfera de abrangência sai da mídia brasileira para a mundial, o impacto no retorno de imagem é ainda maior. Afinal, foram mais de 80 jornalistas internacionais ligados a rádios, jornais, canais de televisão de diferentes partes do planeta escrevendo diariamente sobre as regatas, o rallye, os skippers, a Bahia e os saveiros.

Para dar uma noção do retorno, no Google, o número de citações e artigos sobre a Jacques Vabre no dia 27 de novembro de 2007, durante a realização do evento na Bahia, chegou a 1.763 mil.

Visibilidade que, devido à nova forma de comunicação adotada pelo Governo, em que se procurou mostrar junto com o cotidiano da competição as belezas naturais do destino, promete ter continuidade ainda por algum tempo. “Esta é a terceira vez que venho ao Brasil. Achei a idéia de vocês (passear de saveiro com os velejadores internacionais) maravilhosa. Quando chegar à França, vou falar com um amigo que tem um programa de TV sobre barcos antigos para vir ao Brasil fazer uma matéria especial sobre os saveiros”, diz Patrick Brosselin, jornalista da France Press, uma das maiores agências de notícias do mundo.

Abrindo rotas para o mundo

Para o governo do estado, o sucesso de mídia e do receptivo das regatas é apenas um primeiro passo em direção ao desenvolvimento de um setor para o qual a Bahia possui vocação natural. De olho no segmento, hoje, governos Federal e Estadual realizam um esforço integrado para viabilizar a implantação do Centro de Excelência Náutica da Bahia – projeto que servirá como piloto para o desenvolvimento estratégico para o turismo, serviços e indústria náutica no país.

“Com os resultados obtidos (com as regatas) demos um passo decisivo para transformar a Bahia na porta de entrada do turismo náutico internacional. Com este tipo de evento e a nova estratégia de comunicação que destaca também as belezas do destino e não apenas a regata, estamos abrindo as rotas da Bahia para o resto do mundo”, diz o secretário Robinson Almeida, da Assessoria Geral de Comunicação Social do Governo do Estado da Bahia (Agecom).

“O mais interessante disso tudo é que conseguimos manter estes eventos internacionais gastando menos da metade do que era gasto na administração passada”, completa Antonio Celso Alves Pereira Filho, superintendente de Comércio e Serviços da Secretaria de Indústria e Comércio (SICM).

Mesmo assim, segundo Píerre Bojic, presidente da Pen Duick (empresa francesa responsável pela organização do evento), em 2007 a Jacques Vabre experimentou a melhor recepção com o melhor retorno de mídia desde que começou a vir para a Bahia. “Este é o nosso objetivo. Fazer melhor, com maior transparência e com um controle melhor dos recursos”, conclui o superintendente.