Uma redução geral em torno de 22% em relação ao ano passado, envolvendo todos os tipos de ocorrência, foi o resultado apontado pelas estatísticas do Centro Integrado de Informações durante todo o Carnaval, consolidado em um relatório divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.
O destaque do relatório é a diminuição dos crimes contra a vida. Não houve homicídio doloso. Foram registrados três no ano passado. Em 2007 foram ainda oito tentativas de homicídio, contra duas este ano.
O único caso de morte que pode ser relacionado ao Carnaval foi o de Walzenir Borges, de 27 anos. O traumatismo craniano que causou o óbito pode ter sido resultado de uma agressão no circuito. Agentes da Polícia Civil estão investigando o que poderia ter causado o trauma, mas está descartada a hipóteses de espancamento, visto que não há qualquer sinal de fraturas ou hematomas.
As lesões corporais caíram de 375, em 2007, para 257 este ano. As rixas diminuíram de 40 no ano passado para 15 em 2008. Os furtos passaram de 1.230 em 2007 para 988 neste Carnaval. Os roubos também caíram de 161 para 128.
Os números que aumentaram foram as prisões por porte e tráfico de entorpecentes. Por porte, foram presos este ano 86 pessoas, contra 81 no ano passado, e 12 traficantes foram presos este ano, enquanto no ano passado foram 10.
Em 2007, foram apreendidas sete armas de fogo e, em 2008, este número caiu para cinco. A apreensão de armas brancas caiu de 20 para 12, o número de detidos diminuiu de 1.471 para 1.257 e os presos em flagrante diminuíram de 41 para 28.
Outro destaque foram os números de ocorrência no trânsito. Em 2007, sete pessoas morreram vítimas de acidentes e neste Carnaval não houve morte nos 205 acidentes registrados durante os dias de folia – foram 312 no ano passado, considerando-se os registros até a noite de terça feira. Os atropelamentos caíram pela metade, de 28 este ano contra 53 em 2007.

Excelência da Polícia Militar

O secretário de Segurança Pública, Paulo Bezerra, avaliou que não houve ocorrências de alta capacidade lesiva ou de potencialidade ofensiva, senão as corriqueiras e comuns a todos os grandes eventos que reúnem multidões. “A nossa Polícia Militar possui excelência reconhecida internacionalmente para a condução de eventos da grandeza do Carnaval da Bahia, uma das maiores festas a céu aberto da Bahia e do mundo”, parabenizou.
Bezerra lembrou que o Governo do Estado disponibilizou recursos expressivos para o emprego da tecnologia e para o apoio na inteligência policial. Sobre a utilização das Unidades Prisonais Móveis, o secretário considerou um sucesso. “Só houve uma fuga em virtude de um erro do fabricante, que não obedeceu as especificações corretas para a sua construção. Este problema está sendo resolvido e o Estado está avaliando qual e como será a sua utilização daqui para frente”, informou.
O secretário comentou também a atuação de pessoas que passam o ano fazendo fisiculturismo para praticar agressões nas festas populares. “Estamos fazendo contato com todas as academias, por meio do Conselho Regional de Educação Física, para que os seus professores orientem essas pessoas a como proceder, evitando agressões gratuitas dessa natureza”, afirmou.

Apoio tecnológico

Para o comandante geral da PM, coronel Jorge Santana, este ano foi feito um trabalho mais consciente que contou com o apoio tecnológico fornecido pelo Governo do Estado. “Só para a PM, foram investidos R$ 14 milhões, entre tecnologia gratificações, alimentação, transporte”, contabilizou.
Segundo Santana, quase 5 mil homens foram mobilizados do interior do estado para a Capital, sendo que 2830 ficaram alojados em Salvador e os demais fazendo o itinerário para os municípios mais próximos.
Santana disse que houve também uma atenção especial ao momento do deslocamento para casa, no final do Carnaval, onde foram utilizadas 40 unidades de radiopatrulhamento. “Conseguimos controlar os problemas ocorridos no mesmo período do ano passado, quando há muitas pessoas voltando da festa ao mesmo tempo”, afirmou.

Redução também na saúde

A redução de 10% nos atendimentos de saúde prestados nos postos situados no circuito do Carnaval e uma diminuição semelhante nas unidades de emergência da rede estadual em relação a pacientes envolvidos com a festa foram consideradas um sucesso pelo secretário da Saúde Jorge Solla.
“Eu quero ressaltar que essa redução não foi apenas na área de saúde, mas em diversos indicadores, mostrando a eficiência desenvolvida na organização do Carnaval, em especial em relação à segurança, trânsito e a outras áreas relacionadas à festa”, elogiou.
Em 2007 foram 8.475 atendimentos prestados nas unidades do circuito e este ano isso se reduziu para 7622. Nas emergências houve a redução de 363 no ano passado pra 328 até a madrugada de hoje.
“Além da quantidade, é importante verificar a redução na gravidade das ocorrências e um aumento na resolutividade da rede montada no circuito”, afirmou. Foram 12 postos montados em parceria entre a Sesab e a Secretaria Municipal de Saúde, distribuídos desde o Pelourinho até Ondina. Cada unidade tinha uma sala de estabilização com desfibriladores, equipamentos para atendimento em casos de parada cardíaca, equipamentos de telemedicina, realização imediata de eletroencefalograma, médicos, enfermeiros e outros profissionais.
Do total de pacientes atendidos no circuito, apenas 160 foram transferidos para unidades hospitalares ou centros de saúde. “Ou seja, menos de 0,5% dos pacientes atendidos nas unidades de saúde não tiveram seu problema resolvido imediatamente”, observou Solla. Segundo ele, dos 328 pacientes atendidos nas emergências, apenas 14 ficaram internados, 11 por necessidades cirúrgicas e 3 por necessidades clínicas.
O secretário lembrou também que os hospitais Ana Nery, Manoel Vitorino, Eládio Lacerda e Irmã Dulce, que não têm características de emergência, ofereceram 92 leitos para pacientes que, a partir das emergências, precisassem de internações, sendo que apenas 21 pacientes ocuparam essa reserva. O outro destaque, segundo Solla, é que, dos pacientes atendidos nos postos do circuito e que precisaram de transferência, quase 20% foram para unidades montadas para casos de intoxicação em função de excesso de álcool.

Aumento de turistas

Segundo dados da Secretaria Estadual de Turismo (Setur), este ano foram cerca de 400 mil turistas, incluindo os 20 mil recebidos somente na terça-feira de Carnaval no Porto de Salvador. “Ano passado nós constatamos a presença de 320 mil turistas, vindos de uma distância superior a 100 quilômetros”, comentou o secretário do Turismo, Domingos Leonelli.
A secretaria detectou também um aumento na taxa de ocupação dos hotéis, inclusive nos que não são do circuito do Carnaval. “No ano passado obtivemos 67% de lotação e, este ano, os números parciais já estão em 84%”, contabilizou Leoneli. Segundo ele, somente no domingo de Carnaval, 88% dos leitos estavam ocupados, sendo que alguns hotéis do circuito superaram os 100%.
“O Pestana chegou a 105%, o Othon 110%, o Porto Bello Ondina 100%, isso nos permite dizer que devemos ter chegado a 400 mil turistas no Carnaval da Bahia, o que é alcançado por poucas cidades no mundo, acredito que nenhuma outra em um período tão curto”, declarou Leonelli.
O secretário lembrou que este ano os turistas contaram também com 450 guias no percurso, nos hotéis, porto, aeroporto e rodoviária. “Esse serviço atendeu a mais de 60 mil pessoas, além do Call Center, que atendeu outras 5,8 mil, com informações prestadas em Inglês, Italiano, Japonês, Francês, Espanhol e Português”, afirmou.
Leonelli disse ainda que o receptivo inaugurado no Aeroporto Internacional de Salvador, em parceria com o Ministério do Turismo, vai funcionar durante o ano inteiro, serviço que conta com o reforço dos guias. Por fim, o secretário lembrou que está sendo realizado um “bota fora”, com brindes e convidando os turistas para que voltem à Bahia nos próximos anos.