Ao longo do ano, quatro novos espetáculos do Balé Teatro Castro Alves (BTCA) serão apresentados ao público de Salvador, do interior do estado e no Nordeste. Agora sob a direção artística do bailarino e coreógrafo Paullo Fonseca e com um único corpo estável de dança, a companhia oficial do Estado vai trabalhar a cada semestre com duas montagens paralelas. Pelo projeto “BTCA Residência”, o Balé vai selecionar um grupo de Salvador para fazer residência de três meses no Teatro Castro Alves (TCA) e montar um espetáculo com bailarinos do BTCA. O trabalho resultante dessa experiência fará dobradinha com montagem dirigida por Nehle Franke, primeira criadora do ano a participar do BTCA Convida. Ambos têm estréia prevista para maio.

A seleção do primeiro grupo a participar do BTCA Residência foi iniciada na última quinta-feira, dia 14, e segue até 26 de fevereiro. Serão realizados cinco workshops ou ”oficinas de interação” e cada companhia convidada irá elaborar uma proposta de residência no TCA para o desenvolvimento de coreografia integrando os bailarinos do BTCA, que serão selecionados por uma comissão criada com esse objetivo. Para participar da seleção, foram contactados cinco dos grupos de dança contemporânea mais atuantes do estado: Jorge Silva Cia. de Dança, Companhia Dimenti, Sua Companhia de Dança, João Perene Cia. de Dança e Companhia Viladança.

Paulo Fonseca explica que a idéia é inaugurar o diálogo do BTCA com a cena de dança contemporânea baiana e, ao mesmo tempo, valorizar o corpo estável do Balé. Se antes os bailarinos da companhia se dividiam por idade, agora será por projeto. Os workshops, abertos ao público, serão realizados sempre à tarde, na Sala de Ensaio do BTCA, no Piso C, das 13h às 16h30. Na primeira hora, o aquecimento é conduzido pelo BTCA. E, no segundo momento, é a companhia convidada que conduz a aula ou um processo de criação.

No segundo semestre, dois novos espetáculos serão concebidos. Um a partir de parcerias com coletivos de artistas de diferentes áreas, com o objetivo de aprofundar o diálogo do BTCA com outras linguagens artísticas, e o último a partir de uma parceria com o ICBA/Goethe Institut e o coreógrafo alemão Félix Ruckert. O BTCA Memória da Dança, projeto iniciado no ano passado, também será retomado. A idéia é possibilitar a remontagem de coreografias significativas do repertório da companhia, em parceria com a Escola de Dança da Funceb. Este ano, será a vez da coreografia “Ilhas”, de Victor Navarro, com participação de bailarinos do Balé e alunos da Escola.

A primeira companhia de dança oficial do Norte/Nordeste e a quinta do país, criada em 1981, o Balé Teatro Castro Alves passa, a partir deste ano, por uma mudança profunda em seu modelo de gestão e de atuação. O grupo, residente no Teatro Castro Alves, agora terá sua gestão mais próxima da Diretoria de Dança da Fundação Cultural (Funceb), responsável pela política cultural de Dança no estado. ”Participamos da elaboração dessa nova proposta e é algo que concordamos e que saiu das discussões internas que realizamos em 2007. Essa interação com a Fundação e com outras companhias será positiva para o Balé e para o próprio teatro, que este ano foca suas ações na parte técnica e na formação profissional”, afirma Moacyr Gramacho.

De acordo com Lúcia Matos, a diretora de Dança da Funceb, o objetivo é fazer com que o Balé dialogue cada vez mais com a cena de dança contemporânea estadual, nacional e internacional. ”Vamos manter o foco na excelência artística do BTCA e queremos que a área da dança na Bahia tenha um grande desenvolvimento em toda a sua cadeia produtiva, incluindo a existência e consolidação de várias outras companhias”, diz.