O texto final da Carta pelas Águas, que será apresentado entre os dias 16 e 18 de março na Conferência Estadual de Meio Ambiente foi concluído hoje (22), durante encontro do Conselho de Acompanhamento e Aplicabilidade das Cartas pelas Águas.

O texto contém as demandas levantadas pelos povos do campo, pescadores e marisqueiras, quilombolas, indígenas, comunidades de terreiro, crianças, empresários, juventude e mulheres, durante os Encontros Pelas Águas, realizados de agosto a novembro do ano passado, em diferentes Bacias Hidrográficas do estado pela Superintendência de Recursos Hídricos (SRH).

As propostas contidas na Carta pelas Águas servirão como diretrizes para a elaboração das políticas públicas do Estado relacionadas aos recursos hídricos. São aspirações que dizem respeito, por exemplo, à despoluição de rios, conservação das nascentes, recomposição de matas ciliares, implantação de programas de educação ambiental nas bacias, recuperação das fontes sagradas nos terreiros, construção de depósitos para o recolhimento de embalagens de agrotóxicos e à ampliação do acesso à água em quantidade e qualidade para as zonas urbana e rural.

Vestida de Branco, como manda a tradição das comunidades de terreiro na sexta-feira, dia de Oxalá, a Ekedy Sinha, do Terreiro Casa Branca, também coordenadora do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro Brasileira (Intecab), estava confiante com os avanços obtidos até agora na gestão participativa das águas no estado. “Estou muito feliz. É a primeira vez na história da Bahia que fomos ouvidos para falar de nosso bem maior”, comemorou.

Ekedy Sinha acrescentou que a Carta será um instrumento para a concretização dos sonhos das comunidades tradicionais com relação à água. “Essa carta representa o nosso suporte perante as autoridades e os políticos, quando podemos falar das nossas necessidades, do respeito e amor pela água, na preservação do nosso bem precioso e sagrado que é a água, elemento fundamental da nossa religião. Esperamos que não fique no papel”.