A partir desta terça-feira (12), o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), autarquia da Secretaria de Cultura (Secult), inicia a abertura de concorrência para restauração do Palácio Rio Branco, a igreja e o cemitério do Pilar, o Solar Casa das Sete Mortes e a Igreja Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão.

De acordo com o diretor geral do instituto, arquiteto Frederico Mendonça, as obras serão iniciadas ainda neste primeiro semestre e contemplam o restauro arquitetônico completo, a conservação e a revitalização de bens móveis e integrados. “A previsão é que o processo licitatório esteja finalizado em março, com a conclusão das obras em doze meses”, enfatiza.

Os recursos, que totalizam cerca de R$ 13,5 milhões, foram viabilizados por meio de convênio assinado, em Salvador, pelo governador Jaques Wagner e a ministra do Turismo Marta Suplicy, em agosto do ano passado. É uma iniciativa do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/NE 2) com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a contrapartida do governo estadual. Na Bahia, o programa é executado pela secretaria estadual de Turismo (Setur) e a Secult, por meio do Ipac, licita e coordena as obras.

Uma segunda etapa do Prodetur 2 contemplará ainda a restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo do Pelourinho, do Oratório da Cruz do Pascoal e do Hotel Portal da Misericórdia, todos situados no Centro Histórico de Salvador. As restaurações integram a 6ª etapa de revitalização do CHS, iniciada em 1997. Para escolher os monumentos, o Prodetur 2 considera os valores arquitetônicos e urbanísticos da área, e a abrangência social, econômica e cultural do patrimônio tombado.

Monumentos tombados

O conjunto formado pela a Igreja do Pilar e cemitério foi construído em meados do século XVIII, e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1938. A edificação da igreja data de 1756, e o cemitério de 1799. Estão localizados na parte inferior da falha geológica que separa as cidades alta e baixa, na capital baiana, atrás do antigo Mercado do Ouro, onde hoje funciona o ‘Museu du Ritmo’ do compositor e cantor baiano Carlinhos Brown.

Já a igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão teve sua construção iniciada em 1726, na Rua Direita de Santo Antônio Além do Carmo e também é tombada pelo Iphan, como explica o diretor do Ipac.

A igreja tem frontão azulejado com volutas e nicho central em forma de concha. Suas torres possuem óculos e terminação octogonal, com bulbo e pináculos. O interior é neoclássico e o forro da nave em perspectiva ilusionista barroca, de inspiração italiana, atribuída ao discípulo do artista José Joaquim da Rocha.

Segundo Frederico Mendonça, o terceiro monumento é o Palácio Rio Branco, a mais antiga sede do governo da Bahia e um dos palácios mais antigos do Brasil. Situado na mesma praça onde estão a prefeitura, a câmara municipal e o famoso Elevador Lacerda, o palácio foi construído em taipa de pilão pelo primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, em meados do século XVI.

Abrigou Dom Pedro II em 1859 e, no fim do século XIX, ainda ostentava a fachada colonial portuguesa, quando foi reformado em 1900, passando a ter estilo neoclássico. Em 1919 foi reinaugurado depois dos bombardeios que sofreu em 1912, a mando do então presidente Hermes da Fonseca. Hoje, o imóvel abriga a Fundação Pedro Calmon, a Fundação Cultural do Estado e o ‘Memorial dos Governadores.

Conhecida como "Casa das Sete Mortes" devido aos homicídios que ocorreram no ano de 1755, o quarto monumento a ser restaurado pelo IPAC, foi construído a partir da segunda metade do século XVII e é tombado pelo Iphan desde 1943. O solar está localizado na Rua Ribeiro dos Santos, no Passo, e tem como proprietária a Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim.

Entre as principais características arquitetônicas desse imóvel, estão o pátio interno com revestimento de azulejos seiscentistas, a fachada revestida de azulejos portugueses do séc. XIX e vestíbulo com azulejos ingleses da mesma época, além de janelas do pavimento superior com ornamentos estilo D. Maria I.