A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), órgão do Ministério da Integração Nacional cuja recriação foi aprovada há pouco mais de um ano pela Câmara Federal, tem um novo superintendente. A posse do baiano Paulo Sérgio Noronha foi nesta terça-feira (12) no centro de Convenções da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife.

Participaram do evento os governadores Jaques Wagner, da Bahia, Eduardo Campos, de Pernambuco, Marcelo Deda, de Sergipe, Wilma Farias, do Rio Grande do Norte, Cid Gomes, do Ceará, Jackson Lago, do Maranhão, e Cássio Cunha, da Paraíba, além do ministro Geddel Vieira Lima e outras autoridades.

Para o governador da Bahia, a indicação de um baiano que integrou a sua equipe no primeiro ano de governo é motivo de orgulho. “Eu acho que se faz justiça, a Bahia tem a maior economia e a maior população do Nordeste”, declarou. Segundo ele, o objetivo não é criar uma hegemonia do estado, mas trabalhar dentro da cooperação e da solidariedade.

A Sudene foi criada em 1959 para implantar uma nova política regional, comprometida com a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável garantindo a geração de oportunidades de inserção da população na vida produtiva, social e política do país. Extinta em 2001, com a sua recriação, a idéia é que a nova superintendência seja mais enxuta e com recursos melhor definidos.

Fundo Nacional

Segundo Noronha, a primeira luta encampada pelo órgão será pela criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional. “Este fundo não deve ser um simples remanejamento de outras fontes de investimento, mas oriundo dos impostos de renda e sobre a venda de produtos industrializados”, informou.

Na luta pela criação deste fundo, disse Noronha, o conselho deliberativo da Sudene vai agregar 11 governadores, nove do Nordeste, além dos de Minas Gerais e Espírito Santo, nove ministros, o presidente do Banco do Nordeste e as classes representativas municipal, dos trabalhadores, dos empresários, além do superintendente do próprio órgão.

O superintendente lembrou que a Sudene terá também várias outras linhas de financiamento, como o Fundo Constitucional, que já existe desde 1989 e servirá para financiar pequenos e médios projetos produtivos, e o Fundo Nacional de Desenvolvimento para o Nordeste, que servirá para financiamento de grandes projetos, infra-estrutura e empresas privadas como, por exemplo, a Transnordestina.

“Nós vamos trabalhar agora com o compromisso claro para que vá para o governo essa proposta da criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional”, disse o ministro Geddel Vieira Lima. Segundo ele, isso pode significar mais recursos e investimentos na área de infra-estrutura. “Eu acho que a Bahia vai ser muito beneficiada com o trabalho da nova Sudene”, opinou.

Criada originalmente pela lei 3.6921 de 1959, a Sudene foi idealizada no governo do Presidente Juscelino Kubitscheck como uma entidade de fomento econômico desenvolvimentista, destinada a promover soluções socioeconômicas para a região Nordeste, periodicamente afetada por estiagens, com população de baixo poder aquisitivo e pouca instrução educacional.

A recriação da superintendência é uma promessa do presidente Lula desde a campanha de 2002 e foi aprovada pela Câmara Federal há pouco mais de um ano, por meio da Lei Complementar 76, de 2003.

Currículo

Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia, Paulo Noronha é mestre em Administração Pública, com ênfase em Administração Financeira, pela Krannert School, no estado norte-americano de Indiana, e em Planejamento de Transporte na Purdue University, também em Indiana.

Ao longo de sua carreira ocupou os cargos de diretor técnico de Desenvolvimento Urbano e Articulação Municipal da Secretaria de Planejamento do Estado, diretor do Departamento Estadual de Trânsito, secretário de Serviços Públicos da prefeitura Municipal de Feira de Santana, diretor da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações. Nos últimos nove meses, foi diretor-presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, onde comandou uma série de reformulações na estatal.