Um protocolo de intenções para a reforma arquitetônica das últimas instalações ainda não recuperadas da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), assinado pelo governador Jaques Wagner, foi o destaque, nesta segunda-feira (18), da primeira parte da solenidade de comemoração dos 200 anos criação da primeira Faculdade de Medicina do país, localizada no Terreiro de Jesus. A escola foi a primeira de nível superior do Brasil, fundada por um decreto de Dom João VI em 18 de fevereiro de 1818.

Entre os eventos que integram as homenagens pelos 200 anos da Faculdade de Medicina, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, assinou termo aditivo ao convênio de restauração da Biblioteca Gonçalo Muniz – Memorial da Saúde Brasileira.

Também foi lançado selo comemorativo ao bicentenário da instituição e inauguradas a primeira etapa da recuperação da biblioteca e a reforma do salão nobre da faculdade. Uma cerimônia religiosa dirigida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Geraldo Majella Agnelo, realizada na Catedral Basílica, marcou a parte da manhã das comemorações que acontecem por todo o dia de hoje.

A reforma prevista no protocolo de intenções vai atingir as últimas alas a terem sua reforma projetada em todo o conjunto da antiga Faculdade de Medicina. O prédio vai passar a abrigar as escolas Estadual de Saúde Pública e de Formação Técnica em Saúde Professor Jorge Novis. O projeto prevê a recuperação de uma área construída com mais de 1,7 mil metros quadrados e uma praça com 1,4 mil metros quadrados.

O término das obras está previsto para junho deste ano. As instalações abrigarão diretoria, coordenação técnico-pedagógica, coordenações de ensino, de projetos, administrativa e de modernização, auditório para 150 pessoas, biblioteca, laboratório de ensino para atendimento odontológico, de enfermagem, biodiagnóstico e informática, além de área destinada ao Ensino à Distância.

Para o secretário da Saúde Jorge Solla, a transferência da Escola de Formação Técnica, que hoje funciona em instalações localizadas atrás do Hospital Geral do Estado (HGE), para o antigo prédio da Faculdade de Medicina vai permitir a  ampliação do HGE, construído há quase 20 anos e sempre sobrecarregado pela demanda de pacientes. Solla acrediuta tambémn que o funcionamento da Escola Técnica na Faculdade de Medicina vai dinamizar as atividades no prédio histórico, com a movimentação de servidores e alunos, contribuindo para a revitalização de toda a área do centro histórico.

Para o governador Jaques Wagner, a Bahia está incorporando ao mundo acadêmico aquilo que tem sido feito na saúde pública de todo o Brasil. “Estamos recuperando um prédio histórico e agregando o valor de um conceito novo de treinar nossos profissionais para atuarem em conformidade com o Sistema Único de Saúde”, declarou.

Valor Científico

Em seu discurso, o ministro Temporão disse que a Faculdade de Medicina baiana tem demonstrado o seu valor para a comunidade científica brasileira e internacional. “O professor Maurício Barreto e sua equipe tiveram o seu artigo científico entre os doze mais citados na literatura em todo o mundo durante o ano de 2007”, citou, referindo-se ao titular em Epidemiologia da Universidade Federal da Bahia, mestre em Saúde Comunitária e doutor em Epidemiologia, do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba. Para ele, a universidade vem fazendo uma grande reflexão sobre a qualidade do ensino e aproximado o estudante da realidade da saúde brasileira. 

O ministro afirmou ainda que “a recuperação da biblioteca da Faculdade de Medicina é fundamental devido ao seu valor histórico e para colocar à disposição de pesquisadores e outros interessados livros antiqüíssimos, além de dar subsídio para a produção de novos tratados e reflexões sobre o futuro da medicina brasileira”.

Segundo o reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, não há forma de desenvolvimento que não seja com base na habilitação e na formação profissionais da população ativa. “O Brasil está investindo na sua população, que é a maior riqueza de qualquer país”, observou. Ele lembrou que a Faculdade de Medicina da Bahia foi a segunda escola de ensino superior criada no império português. “Dom João VI chegou aqui em Salvador e um mês depois estava criando a primeira escola de medicina do Brasil. Só depois foi criada outra no Rio de Janeiro”, informou.