Luiz Viana Filho, governador da Bahia entre 1967 e 1971, é conhecido como o último dos liberais da primeira República. Se estivesse vivo, completaria 100 anos nesta sexta-feira (28), quando as comemorações do centenário de seu nascimento culminam com a realização de um ato solene, às 19h, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no Canela. A idéia é relembrar a sua trajetória como um dos políticos e intelectuais mais influentes do estado, autor de biografias de estadistas e personagens históricos importantes, como Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Barão do Rio Branco.

Ao governar a Bahia, Luiz Viana Filho deixou um importante legado à cultura baiana, criando o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), o Museu de Arte da Bahia (MAB) e a Biblioteca Pública dos Barris. Graduado em Direito e História, sua obra começou com trabalhos na área jurídica, a exemplo da monografia Os Empregados no Comércio. Com seu estudo intitulado O Negro na Bahia, Luiz Viana Filho se revelou sua atenção à diversidade étnica e à presença de diversos grupos negros no Brasil e na Bahia, como os bantos e os sudaneses.

Suas obras apontam para o progresso e para a modernização da cidade de Salvador. Um exemplo é a abertura da avenida Paralela, que leva seu nome. “E não dá para esquecer que ele inaugurou o ferry-boat, o Centro Industrial de Aratu (CIA) e instalou o Pólo Petroquímico na Bahia”, conta o professor e historiador Ubiratan Castro, também diretor geral da Fundação Pedro Calmon. Ele ressalta que Luiz Viana deu um salto de qualidade no desenvolvimento econômico da Bahia. “E o pólo petroquímico foi a força motriz disso tudo, abrigando uma vanguarda da classe operária, com trabalhadores qualificados que saíram da escola técnica”, acrescenta Castro.

Viana escreveu sobre a vida dos escritores Machado de Assis, Eça de Queiroz e José de Alencar, além do educador Anísio Teixeira – esta última foi publicada apenas após sua morte. “A biografia de Joaquim Nabuco é a que mais me agrada. Ao lê-la, quase dá para sentir a respiração dele”, diz o professor Edivaldo Boaventura, presidente da Academia de Letras da Bahia, que conta que Viana foi responsável, ainda, pela internacionalização do aeroporto de Salvador, pela ampliação do estádio da Fonte Nova e pela criação da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

As características pessoais de Luiz Viana Filho, que também teve uma coluna na imprensa baiana, são lembradas pelo jornalista e presidente da Associação Baiana de Imprensa (ABI), Samuel Celestino. “Ele foi um governador afável, extremamente elegante no trato com as pessoas e finíssimo no trato político. Também era muito civilizado em todos os aspectos de suas relações pessoais”, detalha Celestino.

Biografia

Luiz Viana Filho nasceu em Paris, na França, em 28 de março de 1908. Filho do último governador da Bahia no século XIX, Luiz Viana, ele foi advogado, professor, historiador e político. Também foi senador e se elegeu deputado federal várias vezes. O primeiro presidente da ditadura militar, Humberto de Alencar Castelo Branco, lhe deu o cargo de chefe da Casa Civil.

Seu currículo guarda ainda o posto de terceiro membro efetivo da cadeira 22 na Academia Brasileira de Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia e da Academia de Letras da Bahia. Luiz Viana Filho governou a Bahia de 1967 a 1971 (seu quadro integra a galeria de governadores do Palácio Rio Branco) e faleceu em 5 de junho de 1990, vítima de complicações cardíacas.