Em comemoração aos 161 de nascimento do poeta baiano Castro Alves (1847-1871), o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura, Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e a Fundação Pedro Calmon, promove, na sexta-feira (14), diversas atividades no Parque Histórico Castro Alves, em Cabaceiras do Paraguassu, município baiano localizado a 160 km de Salvador, também parceiro nas festividades.

O parque funciona como um museu a céu aberto em uma área da antiga da Fazenda Cabaceiras, onde nasceu o poeta. Além do museu, o parque possui escola de 1° e 2° graus administrada pela Secretaria Estadual de Educação, fonte, caramanchão e grande área verde. O acervo de mais de 380 objetos, que pertenceram ao poeta e seus familiares, é formado por fotografias, cartões-postais, manuscritos, livros, indumentárias, adornos pessoais, utensílios, domésticos e artes visuais.

O parque dispõe ainda de auditório aberto, com capacidade para 100 pessoas, mini-auditório para vídeo no circuito da exposição, com aparelho de áudio no qual o visitante pode ouvir alguns dos poemas de Castro Alves, além de biblioteca. O conjunto conta ainda com uma residência para apoiar os técnicos do Ipac, podendo ser utilizada pelos visitantes e para realização de trabalhos com a comunidade. Todo ano, no mês de março, ocorre uma espécie de romaria cívica ao parque, evento que acabou se transformando em tradicional festa comemorativa da região.

Programação

Às 5h, acontecerá a alvorada, seguida de maratona e de missa festiva na Igreja de São João Batista. No auditório Pedro Calmon, às 10h, será realizada sessão solene em homenagem à Castro Alves. Logo após, haverá apresentação do jogral “Castro Alves e o Sonho de Liberdade”, pela Camerata Castro Alves – primeiro grupo de Salvador especializado na representação teatral da vida e da obra do poeta, com destaque para sua poesia social.

Às 11h40 serão lançados a revista e o CD MP3 Aplausos! Castro Alves nosso gondoleiro do amor, trazendo farto material ilustrativo, produzido ao longo de dez anos, sobretudo poemas, manifestos e fragmentos do repertório do grupo por meio de partituras musicais. A apresentação de bandas na praça municipal, às 17h, encerrará a programação.

O poeta

Antônio Frederico de Castro Alves, nasceu a 14 de março de 1847, na Fazenda Cabaceiras, então comarca de Muritiba, a 42 quilômetros da vila de Nossa Senhora da Conceição de “Curralinho”, hoje cidade de Castro Alves, na Bahia, e faleceu a 6 de julho de 1871, em Salvador. Fez o curso primário no Ginásio Baiano. Em 1862, ingressou na Faculdade de Direito de Recife. Datam desse tempo os seus amores com a atriz portuguesa Eugênia Câmara e a composição dos primeiros poemas abolicionistas: Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso, declamando-os em comícios cívicos.

Em 1867 deixa Recife, indo para a Bahia, onde faz representar seu drama: Gonzaga. Segue depois para o Rio de Janeiro, recebendo incentivos promissores de José de Alencar, Francisco Otaviano e Machado de Assis. Em São Paulo, encontra nas Arcadas, a mais brilhante das gerações – Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Bias Fortes, entre outros. Vive, então, os seus dias de maior glória.

A 11 de novembro de 1868, em caçada nos arredores de São Paulo, feriu o calcanhar esquerdo com um tiro de espingarda, resultando-lhe a amputação do pé. Sobreveio, em seguida, a tuberculose, sendo obrigado a voltar à Bahia, onde morreu. Castro Alves pertenceu à Terceira Geração da Poesia Romântica (Social ou Condoreira), caracterizada pelos ideais abolicionistas e republicanos, sendo considerado a maior expressão da época. Suas obras: Espumas Flutuantes, Gonzaga ou A Revolução de Minas, Cachoeira de Paulo Afonso, Vozes D’África, O Navio Negreiro, entre tantas. Suas poesias são marcadas pela crítica à escravidão, motivo pelo qual é conhecido como "Poeta dos Escravos.