Cerca de seis técnicos, entre restauradores, especialistas em azulejos e arquitetos do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), autarquia da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), estão realizando as últimas prospecções para a retirada de dois painéis, em azulejo, de autoria do artista plástico Jenner Augusto, expostos em paredes das ruínas do antigo restaurante do Alto de Ondina, no bairro de mesmo nome. A área pertence atualmente ao estado e está sob a responsabilidade da Secretaria de Administração (Saeb).
O resgate e a restauração dos painéis, datados de 1957, foram solicitados, no dia 17 deste mês, pelo secretário Márcio Meirelles, ao saber que a Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab) havia iniciado a demolição do prédio, ameaçado de desabamento.
No mesmo dia em que o Ipac foi informado, os especialistas do órgão começaram a fazer levantamentos técnicos no local. Segundo o diretor do instituto, Frederico Mendonça, a retirada dos painéis é um trabalho extremamente delicado. “As obras de arte são compostas por azulejos tipo comum, de 15,8 cm X 15,5 cm, que têm espessura fina e foram assentados, à época, de maneira inadequada, com utilização de nata de cimento puro sobre concreto, o que compromete o trabalho do artista”, explica.
Os técnicos do Ipac realizaram ainda mais duas prospecções. Uma, no dia 20, e outra, na última segunda-feira (24). A primeira visita (17) contou com a presença da viúva de Jenner Augusto, Luíza Silveira, e seus dois filhos. A família solicitou ao instituto acompanhar as etapas de retirada e restauração dos painéis, o que está sendo feito “passo-a-passo”, informa o gerente de Conservação e Restauração do Ipac, José Carlos Matta.
Ele acredita que alguns pedaços de azulejos do painel mais deteriorados ainda podem ser encontrados após a retirada do solo que se acumulou ao longo do tempo. Um dos painéis é figurativo e retrata elementos zoomórficos – animais da fauna brasileira – em monocromático azul e com dimensões de 2,75m X 1,81m. O seu estado de conservação é considerado bom por estar em área coberta.
O outro, em policromado, com motivos de figuras humanas e nas dimensões de 0,91m X 5,5m, encontrava-se em área externa sofrendo a ação do tempo, maresia e salinidade e, por isso, perdeu cerca de 40% da sua textura original.
“A nossa principal preocupação agora está no procedimento de retirada e nos materiais necessários que garantam a preservação de todas as peças de azulejos ainda existentes”, diz Matta. A previsão é que até final de abril todos os azulejos sejam retirados.