A região sul da Bahia, famosa pela áurea época do cacau, quando foi responsável por grande parte da economia estadual e até nacional, há anos vive em crise por causa da decadência na produção do fruto, atacado pela vassoura-de-bruxa e outras pragas. Mas agora a região novamente desponta como um importante pólo de desenvolvimento econômico e social, não só para o estado, como para todo o Brasil, por meio da implantação do Complexo Portuário Porto Sul.

O complexo intermodal envolverá porto, ferrovia, hidrovia, rodovia e aeroporto, tornando-se a solução para o gargalo existente nos principais portos baianos para o escoamento da produção do estado.

Além do desenvolvimento nacional, ele vai garantir principalmente o desenvolvimento local, com a geração de emprego e renda, que nesta primeira fase de implantação está estimada na abertura de 8 a 10 mil empregos. A ferrovia também será responsável pelo crescimento socioeconômico das cidades pelas quais cruzar, por meio da agricultura familiar.

Iniciativa do governo da Bahia, via secretarias da Indústria, Comércio e Mineração (SICM), do Planejamento (Seplan), de Infra-estrutura (Seinfra) e de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), o Porto Sul será construído numa área de 1.771 hectares, na localidade de Ponta da Tulha, no sentido Ilhéus/Itacaré.

O empreendimento, que movimentará recursos estimados em R$ 4 bilhões, deve reforçar a dinâmica local de produtividade e eficiência, agilizando o escoamento de minérios e grãos e cargas conteinerizadas.

O complexo prevê a construção da Ferrovia de Integração Oeste/Leste, que fará a ligação dos estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Distrito Federal com o litoral, transformando a Bahia no novo corredor de comércio exterior (exportações e importações), agregado a novos pólos industriais, comerciais e de serviços.

Projeto-âncora

Além da ferrovia, o Porto Sul é a alavanca para outro empreendimento de máxima urgência no estado, que é a exploração e o escoamento do minério de ferro de Caetité.

Este é o projeto-âncora do complexo, que vai garantir, só com sua atividade de exportação – avaliada em 25 milhões de toneladas por ano –, o destaque de segundo maior porto do Nordeste, posicionando a Bahia como uma das principais portas de desenvolvimento do país.

O Porto Sul se tornará ainda ponto de apoio para os estados do Sudeste que também já estão com seus portos comprometidos, a exemplo de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.

Preocupação ambiental

O complexo tem também a preocupação com a questão ambiental. Fizeram parte dos processos de pesquisa e avaliação da escolha do lugar a ser implantado equipes da Semarh e do Centro de Recursos Ambientais (CRA), que levaram em conta todos os limites de distanciamento a serem respeitados, devido à preservação de sensíveis áreas de proteção ambiental.

Faz parte do projeto a formação de cinturões verdes onde serão cultivadas espécies nativas para contribuir com a preservação dos ecossistemas. O Porto Sul é caracterizado como um porto off shore. Como as embarcações atracam a grande distância da praia – no caso específico, a três quilômetros –, não há danos para o ecossistema local. O sul da Bahia foi escolhido justamente por apresentar as melhores condições naturais para esse tipo de porto.

Está prevista ainda a reciclagem da água e da betonita que serão utilizadas na moagem do minério de ferro a ser transportado pelo minério-duto. Assim sendo, o complexo garante o desenvolvimento de um pólo industrial, comercial e de serviços integrado à região, será uma referência quanto à minimização dos impactos ambientais, além de ser essencial para a recuperação do ecossistema local, degradado em vários pontos.