Os estudantes do Colégio Estadual Luiz Viana Filho, em Feira de Santana, pela primeira vez vão usar uma farda criada e aprovada por eles mesmos. Insatisfeitos com o modelo anterior, eles propuseram a criação de um novo fardamento e a direção abriu concurso para a escolha do modelo. A mobilização teve início no ano passado, quando foi instituído o concurso e divulgado o nome do vencedor. Agora, no início do ano letivo, os alunos estrearam a farda nova. A direção do colégio informou que aqueles que não quiseram ou puderam adquirir o novo fardamento continuam tendo acesso à unidade usando o modelo anterior.

Para que o processo ocorresse de forma tranqüila, foi criado um regulamento com os critérios que pesariam na escolha: a farda deveria ser prática, confortável e adequada às necessidades de uso e clima. Além disso, levaram-se em consideração também as propostas que aliaram criatividade e custo acessível. Como se tratou de uma reivindicação dos próprios alunos, a mobilização foi intensa.

Para estimular ainda mais, a Rádio Coração de Estudante, que funciona na escola, renovava diariamente o convite para os estudantes apresentarem suas propostas. Para o presidente do grêmio, o estudante do 3º ano André Vicente de Santana, 20 anos, além de representar o exercício da democracia o concurso também foi uma forma de mostrar que os alunos são atuantes. “O concurso conseguiu mobilizar toda a escola e destacou que aqui todos participam das escolhas”, avaliou.

Inicialmente, foram recebidos vários croquis e, depois de seleção prévia, quatro deles foram apresentados durante desfile na própria escola. O vencedor, o estudante do 3º ano Paulo Henrique Gomes Santana, 18 anos, além de ficar conhecido entre os 3 mil alunos do colégio como autor da proposta vencedora, recebeu como prêmio uma camisa do modelo novo, um kit educacional e um MP3. A vontade de participar do processo, ele conta que só surgiu depois de ver a repercussão que o assunto estava tendo no colégio.

Antes de colocar a idéia no papel, fez uma pesquisa informal com os colegas sobre como era a farda que queriam usar. “Eu fui desenhando e os colegas iam dando dicas. Vi outros modelos e achei que estavam tão bons quanto o meu.

Quando começou a votação fui acompanhando e pude constatar a aceitação que a minha proposta estava tendo”, conta Paulo Henrique. A comprovação da perspectiva inicial veio nas urnas, quando o modelo proposto por ele despontou com 756 votos, contra os 313 do segundo colocado. Todos os alunos receberam uma cédula e a coordenação pedagógica percorreu sala por sala com urnas para os estudantes votarem.

Mais emocionante que ouvir seu nome como o vencedor, o estudante fala que foi ver colegas usando a farda idealizada por ele. “A todo mundo que vejo eu digo que fui eu que fiz. Meus amigos de sala dizem que estou muito metido”, brinca o estudante. “Não devo levar todos os créditos, o escudo foi feito por outro aluno”, informa.

Para a diretora do colégio, Maria Eliana de Oliveira Carvalho Alves, o concurso foi mais uma forma de estimular os estudantes a serem atuantes no dia-a- dia da escola. “Sempre buscamos inserir o aluno na vida da escola. As coisas não podem acontecer só no âmbito de direção e professores”, avalia Maria Eliana. Situado no bairro de Cidade Nova, o colégio oferece os ensinos médio e fundamental e funciona nos três turnos.