Criação de leilões exclusivos para a produção de energia eólica e sua inserção na matriz energética do país. Essas foram as principais reivindicações dos secretários estaduais, representantes e técnicos do setor de energia do Nordeste durante o I Seminário Regional de Planejamento Energético, realizado esta semana, em Fortaleza (Ceará).

Com a instabilidade do mercado de gás natural, o aumento do preço do petróleo inviabilizando a construção de térmicas a diesel, além de sua poluição, o Brasil deverá buscar novas fontes de energia. Desta forma, Bahia e Ceará aparecem como importantes alternativas de energias renováveis, levando-se em conta, sobretudo, a sua capacidade na produção de energia eólica, considerada a principal fonte renovável com potencial de aproveitamento em larga escala em todo o Nordeste.

A intenção é incluir as propostas desses e de outros estados nordestinos na revisão do Plano Nacional de Energia 2030, aproveitando sua capacidade de produção e, ao mesmo tempo, enquadrando a região nas políticas energéticas do país.

De acordo com o secretario estadual de Infra-estrutura, Antonio Carlos Batista Neves, também vice-presidente do Fórum Nacional de Secretários para Assuntos de Energia, o leilão de energia eólica propiciará oportunidades para estimular a implantação de novos parques eólicos no país e o surgimento de empresas fabricantes de agrogeradores e componentes.

“A iniciativa também pode contribuir para minimizar os riscos de falta de abastecimento de energia elétrica”, ressalta.
Para Amílcar Guerreiro, representante no evento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, investir em energia vai ser o caminho para o Brasil atrair mais investimentos e reduzir, dessa forma, as desigualdades regionais. “A idéia é que o Brasil tenha, até 2030, 45% de sua energia oriunda de fontes renováveis”.

Conforme Silvano Ragno, superintendente de Energia e Comunicações da Seinfra e representante da Bahia no encontro, o Nordeste é pouco contemplado no Plano Nacional de energia. Segundo ele, o governo federal tem dado pouco espaço nos leilões para a energia eólica, ignorando o potencial do Nordeste de geração dessa energia. “A região poderia, ao invés de importar energia do Sul do país, usar o seu grande potencial tanto para o próprio abastecimento quanto para exportar”, explica.

Só a Bahia detém 10% da capacidade nacional em energias limpas e já conquistou a liberação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a construção de quatro parques eólicos, nos municípios de Caetité (192 MW), Conde (59,5 MW), Mucuri (99,5 MW) e Jandaíra (30,6 MW).

“O problema é que a energia eólica ainda é considerada cara. Com a abertura de leilões exclusivos para esta fonte, a tendência é a redução dos custos. Não se pode investir na produção de energia se não há quem compre, daí a necessidade de leilão. É preciso também incentivos fiscais do governo para que o funcionamento dos parques eólicos se torne rentáveis”, completa Silvano.