Jovens querem espaço para atuar nos territórios de identidade

Num país onde os jovens têm pouca voz, a Conferência Estadual de Juventude, encerrada no domingo, na Escola Parque, foi a oportunidade que Marcela Indira Cardoso, 25 anos, teve para se manifestar. Natural do Litoral Sul baiano, ela reivindicou espaço para atuar como cidadã, mas afirmou que a iniciativa do Estado de promover o encontro tinha que ser aproveitada. “Este é um momento ímpar para a sociedade civil organizada e nós não podemos perder a chance de nos colocarmos”, explicou.

Marcela participou da mesa temática Gera Ação Tecendo os Fios dos Territórios de Identidade: Cidade e Campo, em que foi abordada a nova regionalização do estado. A jovem pertence ao Litoral Sul, um dos 26 territórios de identidade que hoje dividem a Bahia.

Adotada pelo governo estadual, a metodologia considera aspectos da geografia humana desenhada pelo professor baiano Milton Santos, segundo o qual os espaços são construídos socialmente, sob a influência de características físicas e culturais. A partir desse princípio, entende-se ser fundamental a participação da sociedade na definição das políticas públicas a serem implantadas em cada território.

“Daí promovermos o diálogo permanente com a sociedade. Ademais, a adoção dos territórios faz parte de um planejamento estratégico que visualiza a Bahia dentro do contexto nacional e global. Então, o que se pensa para o território tem que estar integrado com o que se pensa para um estado situado em termos de Brasil e de mundo”, declarou o secretário do Planejamento, Ronald Lobato.

Para o diretor de Agricultura Familiar da Secretaria da Agricultura (Seagri), Wilson Dias, a importância da abordagem territorial está na inversão da participação do cidadão, “que deixa a condição de mero usuário para assumir a posição de demandante”.

Grande mobilização

A conferência reuniu jovens entre 15 e 29 anos, de sexta-feira a domingo, na Escola Parque, depois de percorrer 21 municípios nos 26 territórios de identidade, mobilizando 12 mil jovens do interior. Cerca de 2 mil eleitos nas plenárias territoriais participaram de debates sobre educação, saúde, comunicação e meio ambiente, dentre outros temas.

A Bahia, via Secretaria de Relações Institucionais (Serin), foi o único estado do país a convocar uma grande mobilização, por meio da campanha Jovem Gera Ação, além de adotar as plenárias territoriais como parte integrante da conferência estadual. O evento é parte integrante da conferência nacional, que acontecerá no mês de abril, em Brasília.