“Quantos filhos ter e quando ter, afinal, filho não é brincadeira”. Com este slogan, o Ministério da Saúde lançou nesta sexta-feira (7), no Centro de Convenções de Salvador, a segunda fase da Campanha Nacional de Planejamento Familiar. A primeira etapa se deu em maio do ano passado, em São Paulo. A Campanha se desenvolverá em torno de três estratégias: distribuição gratuita de contraceptivos aos municípios por meio do programa Farmácia Básica; venda dos anticoncepcionais nas lojas da Farmácia Popular (são 487 em todo o Brasil) e venda nas grandes redes do varejo com 10% de desconto.

Para todo o Brasil, já foi iniciada a distribuição de 11 milhões de cartelas de anticoncepcionais, (2 milhões já chegaram à Bahia), 300 mil unidades de Dispositivos Intra Uterinos (DIUs), 4,1 milhões de contraceptivos injetáveis e 22 milhões de preservativos.

Além disso, o Ministério da Saúde vai estimular a prática da vasectomia, já que em 2007 foram realizados 27 mil procedimentos desse tipo em todo o país, número considerado baixo. Na Bahia, apenas 700 homens se submeteram à cirurgia.

Um dado que explica, em parte, o porquê do estado concentrar o maior número de famílias com muitos filhos, média de 2. 36, enquanto a média nacional é de 2 filhos por casal. Em cinco municípios, a média é de cinco descendentes por família. Na Bahia também está a maior incidência de gravidez precoce não planejada. Ano passado, foram realizados, no país, 40 mil partos em garotas menores de 14 anos.

“Por isso, estamos lançando a campanha aqui, com foco dirigido à gravidez na adolescência, porque ela faz com que muitas meninas tenham suas vidas completamente atrapalhadas”, justificou o secretário nacional de Atenção à Saúde, José Noronha.

Para o governador Jaques Wagner, esse quadro é reflexo dos indicadores de saúde e de educação, os piores encontrados quando assumiu o governo da Bahia em 2007, porque revela a falta de informação da população. “O acesso à informação é um direito inalienável do cidadão, e ele deve ter acesso à informação para ter o direito de planejar a sua família, porque uma gravidez prematura pode decretar o fim da formação escolar de uma jovem, o que é muito preocupante”, disse o governador. A despeito da sua opinião, o governador fez questão de ressaltar o respeito que tem aos segmentos religiosos que condenam o uso de contraceptivos.

Campanha na mídia

A apresentação das peças publicitárias de TV, rádio e mídia impressa, que serão veiculadas de 9 à 22 de março, se deu durante o I Encontro de Primeiras Damas baianas, promovido pelas Voluntárias Sociais, que ocorreu simultaneamente ao 1º Seminário de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos nos 20 anos do SUS, realizado pela Sesab.

A primeira-dama do Estado e presidente das Voluntárias Sociais, Fátima Mendonça, lembrou que o direito sexual e reprodutivo é algo previsto pela Constituição e que as primeiras damas têm um importante papel em seus municípios como multiplicadoras. “Devemos fazer valer esse direito das mulheres e também fazer valer a paternidade responsável”, disse ela, que também é enfermeira e defensora da bandeira do planejamento familiar há mais de 20 anos.

Historicamente, a responsabilidade do planejamento familiar, quando há, sempre fica com a mulher. Exemplo raro é o caso do garçom José Carlos Lima. Casado há catorze anos, Lima decidiu com a mulher ter apenas uma filha e se planejou para poder oferecer conforto à família, de acordo com a renda que possui. “Infelizmente, com o que ganho, não dá para ter mais filhos”, afirmou.

O primeiro Seminário de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos também abordou a ampliação da cobertura do SUS no atendimento à saúde da mulher em duas décadas de existência do Sistema Ùnico de Saúde. “Avançamos muito, sem dúvida. Estamos com 99% dos partos hospitalares, mas precisamos investir mais na qualidade do atendimento e na ampliação do acesso aos serviços e procedimentos em todas as regiões do estado”, disse o secretário de Saúde. Jorge Solla.