A inclusão da energia eólica às matrizes energéticas brasileiras é a principal reivindicação apresentada por meio de uma carta assinada por todos os estados do nordeste. O documento foi entregue nesta segunda-feira (28) ao presidente do Fórum Nacional de Secretários de Estado para Assuntos Energéticos e secretário de Desenvolvimento do Rio de Janeiro, Julio Bueno.

O evento foi realizado no auditório da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações (Agerba), em Salvador, e teve como vice-presidente o secretário de Infra-estrutura, Batista Neves.

“Queremos inserir a energia eólica nas discussões do Comitê de Energia para explorarmos esta fonte limpa, da qual temos grande disponibilidade no sul do estado, na Chapada Diamantina e na barragem de Sobradinho”, declarou Neves.

Para ele, a matriz vai contribuir para o meio ambiente, pois o uso da energia térmica, poluente, vai ser reduzido. “Vamos abastecer regiões onde há demanda crescente. Entre 2010 e 2015 teremos, por exemplo, instalação de indústrias na Chapada, no sul, no sudeste, no norte da Bahia”.

Batista Neves lembrou que o Brasil tem uma potência não explorada de 30 mil megawatts de energia eólica e a Bahia detém 10% do total deste potencial. “O nordeste está alinhado com a Bahia, já tem um exemplo de exploração em Fortaleza, e nós vamos lutar por essa energia”, afirmou.

Outorga

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já outorgou a implantação de quatro parques eólicos nos municípios de Caetité, Conde, Mucuri, e Jandaíra, mas que ainda não são aproveitados devido à falta de leilões específicos da Aneel para o aproveitamento desta energia.

Segundo o coordenador de Energia da Secretaria de Infra-estrutura do Ceará, Renato Rolim, a carta entregue ao presidente do Fórum requer este aproveitamento e é fruto de um seminário realizado em Fortaleza, com a presença de todos os secretários do Nordeste.

“O potencial maior que temos em toda a região é o eólico, então, este documento deverá ser encaminhado ao Conselho Nacional de Política Energética, solicitando o seu empenho máximo para que seja feito um estudo sério sobre o aproveitamento desse recurso a nível regional”, argumentou.

Para ele, vai haver um grande desenvolvimento para as empresas que virão se instalar na região e o consumo de energia vai gerar divisas. “O Nordeste vai passar a ser produtor e a venda desta energia vai trazer impostos, desenvolvimento e emprego para a população”, apontou.

Segundo Rolim, as usinas que estão ao longo do São Francisco produzem energia suficiente para o Nordeste, mas com a entrada em operação das termoelétricas e com os períodos de baixas chuvas, esta geração já está se tornando insuficiente.

“Podemos dizer que ao longo dos três, quatro ou cinco anos, os estados terão que trabalhar outras formas de geração ou de importação de energia”, afirmou. Segundo ele, nas áreas de dificuldade e nos momentos difíceis, esta energia já está vindo do Norte ou do Sudeste, pois o sistema nacional é interligado. “Mas apontamos para uma grande dificuldade e a união pode fazer com que sejamos grandes produtores de energia novamente”, garantiu.