A instalação da mineradora Mirabela Mineração do Brasil, subsidiária da australiana Mirabela Nickel, no município de Itagibá, no sul da Bahia, deverá gerar aproximadamente 3,5 mil empregos diretos e indiretos, na fase de operação. Agora, ainda em implantação, o Projeto Santa Rita, como é chamado o empreendimento, já emprega cerca de 1,7 mil trabalhadores, em sua maioria, mão-de-obra local.

A produção anual será de 150 mil toneladas de concentrado com teor de níquel de 13% e está prevista para ter início no segundo trimestre de 2009, devendo durar cerca de 20 anos. A empresa vai explorar a primeira jazida de níquel sulfetado na Bahia e a maior descoberta na América do Sul nos últimos 10 anos.

O investimento da ordem de R$ 700 milhões é fruto de licitação realizada pelo Governo do Estado, por meio da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), empresa vinculada à Secretaria Indústria e Comércio e Mineração (Sicm). “A empresa vai trazer para o estado e para a região de Itagibá e Ipiaú um desenvolvimento muito grande com a geração de empregos diretos e indiretos, infra-estrutura e, recursos como o ISS para o município, ICMS para o Estado e para a CBPM, através do imposto de Compensação Financeira pela Extração de Recursos Minerais (CFEM)”, disse o diretor presidente da CBPM, Nilton Silva Filho.

O processo de implantação do Projeto Santa Rita, iniciado há pouco mais de três meses, está bastante adiantado. Já foram investidos algo em torno de R$ 100 milhões. Uma das primeiras obras foi a ponte sobre o Rio de Contas, com extensão de 200 metros, entre os municípios de Itagibá e Ipiaú, e a ligação à BR 330. A obra vai evitar o trânsito de veículos pesados na área urbana de Ipiaú. Toda essa infra-estrutura foi doada à Bahia e poderá ser utilizada livremente pela população local.

De olho na produção do minério, está o mercado internacional. Segundo o gerente geral da Mirabela, Paulo Oliva, as negociações já estão em andamento. “Estamos discutindo contratos e analisando propostas de empresas da China, Finlândia e Canadá. Além disso, despertamos também o interesse do mercado interno. Neste caso, estão sendo analisadas propostas da Votorantim”, revela Paulo Oliva.

A Bahia passa por um grande momento no setor de mineração. “É importante lembrar as novas licitações que vão acontecer por meio da CBPM, com jazidas de ferro, zinco e ouro, entre outros. Temos a maior jazida de areia silicosa do mundo, tanto em qualidade como em quantidade, sendo disputados por grupos nacionais e internacionais, todos querendo vir para a Bahia, aproveitar esse boom da mineração”, ressalta Nilton Silva Filho.

Impostos

Da arrecadação do imposto de Compensação Financeira pela Extração de Recursos Minerais, 65% será destinado ao município de Itagibá e 23% para o Estado, que ainda recebe 2,51% em royalties para a CBPM. Além dos impostos arrecadados, a parceria entre Governo do Estado e a mineradora também traz ganhos significativos para o desenvolvimento da região Os cerca de 3,5 mil empregos diretos e indiretos possibilitarão a revitalização do comércio e reaquecimento da economia.

O desenvolvimento socioeconômico vem acompanhado de um grande salto em diversas áreas, como por exemplo, a de construção civil, pois muitas moradias serão construídas para os trabalhadores vindos de outras regiões do país, atraídos pelas oportunidades geradas após a instalação da mineradora. Dentre os projetos sociais, está a reforma da Escola Agrotécnica Chico Mendes, em Itagibá.

“Com o sucesso dessa parceria, outras companhias foram atraídas para se engajarem muito fortemente nas licitações da CBPM. Além dos ganhos econômicos, poderemos, futuramente, criar outros projetos e assim criar um ciclo virtuoso”, revelou Paulo Oliva.

Meio Ambiente

O Programa de Gestão Ambiental desenvolvido pela Mirabela atualmente envolve trabalhos de monitoramento da fauna e flora existentes em toda extensão do Projeto Santa Rita. Todos os animais localizados nas áreas onde está sendo implantado o projeto são capturados e soltos nas áreas de mata preservadas. Além disso, os animais doentes são tratados pela equipe de veterinários e biólogos da mineradora, antes de serem soltos em um habitat natural.

Quanto ao monitoramento da flora e marcação de plantas matrizes para coleta de sementes, a empresa espera, em um ano, realizar um diagnóstico detalhado da ocorrência de vegetais na área do empreendimento. O objetivo é gerar sementes em viveiro e utilizá-las para replantio das áreas de reserva legal e de preservação permanente (APP). As mudas também serão utilizadas no Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, uma vez que a mineradora pretende recuperar todas as áreas afetadas.

O viveiro deverá produzir, anualmente, de 100 a 300 mil mudas de árvores destinadas ao plantio, resultando assim numa recomposição florestal de cerca de 70% da área. Outra medida ambiental da empresa é a erradicação das roças de cacau da área do empreendimento, evitando que se transformem em fontes de disseminação da vassoura-de-bruxa ou mesmo da podridão parda.

Sulfeto

O minério de níquel sulfetado contém de 3 a 5% de sulfeto. Os sulfetos são principalmente classificados em pentlandita (sulfeto de níquel), pirrotita (sulfeto de ferro), calcopirita (sulfeto de cobre e ferro) e pirita (sulfeto de ferro). Esses sulfetos são hospedados em rochas classificadas como ultrabásicas, que tem uma denominação específica e técnica de piroxenitos e peridotitos. O minério sulfetado possui um teor médio de 0,60% de níquel e 0,14% de cobre. Esse níquel pode ser extraído e usado como componente principal na fabricação do aço inoxidável.