Para impedir que o crescimento das populações de macrófitas (plantas) aquáticas ofereçam riscos às águas dos reservatórios do estado, a Superintendência de Recursos Hídricos (SRH) iniciou, esta semana, os estudos de campo que objetivam coletar dados sobre a composição das espécies existentes e avaliar as colonizações nas lâminas d’água.

Para executar o trabalho, a superintendência contratou o engenheiro agrônomo e pesquisador, Robinson Pitelli, a maior autoridade do país no assunto e que já prestou serviços similares para grandes companhias brasileiras e internacionais, a exemplo da Companhia Elétrica de São Paulo (Cesp), Light, Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig), UHE – Aymoré, Furnas Centrais Hidrelétricas e Duke Energy, dos EUA.

Além de atrapalhar e até inviabilizar a navegação, a principal ameaça das macrófitas aquáticas aos rios baianos é a aceleração no processo de evaporação da água, por meio da evapotranspiração. Os trabalhos, que resultarão na criação de um plano de manejo, serão realizados nos reservatórios de Ponto Novo, no município de mesmo nome, e Pedras Altas, localizado em Capim Grosso. Em uma outra etapa, outros reservatórios, como Pedra do Cavalo, serão diagnosticados.

A atividade humana é a principal causa do fenômeno. A proliferação das macrófitas aquáticas é resultado do excesso de nutrientes lançados nos rios, por meio de atividades agrícolas e industriais, de despejo de esgotos, entre outras agressões. Os reservatórios são muito mais sensíveis à ação, por serem áreas mais propensas à concentração de nutrientes.

“As macrófitas não são o problema em si. Elas nunca crescem além do normal se não houver a interferência do homem no ecossistema. Mas quando a vegetação cresce demasiadamente, bloqueia o oxigênio da água e faz com que alguns metais mudem a composição química e se tornem tóxicos”, explica Pitelli.

De acordo com o coordenador de Gestão Ambiental (Cogea) da SRH, Eduardo Topázio, a escolha do professor Pitelli foi muito criteriosa. “Há três anos tentamos fazer esse trabalho com ele, mas só agora foi possível. Tínhamos dificuldade de encontrar pessoas que conhecesse todo o ciclo de um plano de manejo com esse fim”, explica.

A Cogea já havia tentado outras alternativas para controlar o crescimento desordenado de vegetações nas superfícies e nas margens dos reservatórios, mas não foram bem sucedidas.

Após a primeira fase do projeto, o passo seguinte é, a partir das informações levantadas e analisadas e de dados empíricos, fazer prognósticos e análises de risco visando o plano de manejo para impedir que as macrófitas passem a representar risco às águas dos reservatórios.

Segundo o professor Robinson Pitelli, em áreas de grande incidência dos vegetais, a evaporação pode ser até 8,6 vezes maior do que nas áreas de rio ambientalmente equilibradas. “Imagino que este seja o principal problema, mas é importante analisar também outros possíveis danos, a exemplo da falta de alimentos para os peixes e aumento das populações de mosquito”, alerta.

O Programa Internacional de Biologia (IBP) caracteriza as plantas de “vegetais que habitam desde os brejos aos ambientes verdadeiramente aquáticos”. As macrófitas aquáticas são plantas herbáceas que crescem na água, em solos cobertos ou saturados por água.