A Secretaria Estadual da Educação (SEC) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) assinaram, nesta quarta-feira (28), protocolo de intenções que objetiva a articulação de políticas educacionais para propiciar desenvolvimento à região do semi-árido baiano.

A intenção é transformar as escolas em ambientes que integrem as distintas políticas de desenvolvimento, de maneira que estas, por meio da articulação, apresentem melhores resultados para a população destas áreas.

A assinatura ocorreu no gabinete do secretário Adeum Sauer, que enfatizou a importância de ter instituições da importância e do gabarito do Unicef como parceiro para os projetos. “Temos um desafio muito grande para vencer no semi-árido porque a Bahia registra os piores indicadores de distorção idade-série do país, e, no semi-árido, esta distorção se apresenta com maior gravidade”, afirmou.

O coordenado do Unicef, Rui Pavan, destacou a importância de aproveitar o momento histórico, no qual ele identifica a existência de boas condições técnicas, históricas e políticas para realmente desenvolver a região.

Ele explicou que os índices altamente preocupantes levaram o Fundo a escolher a região para atuar. Porém, apontou como um segundo motivo, o potencial existente na região e o trabalho pedagógico de altíssima qualidade que poderá ser desenvolvido em conjunto com as populações do semi-árido.

O protocolo decorre do Pacto Nacional Um Mundo para a Criança e o Adolescente do Semi-Árido, iniciativa de solidariedade, cidadania e de compromisso de todo o Brasil para o desenvolvimento da região. A primeira ação conjunta entre SEC e Unicef será a realização de um seminário em conjunto com a Rede de Educação do Semi-Árido Brasileiro – Resab, com a temática Educação e Convivência no Campo: avanços e desafios para o Semi-Árido Baiano.

O evento contará com a participação de representantes governamentais e não-governamentais de municípios do semi-árido baiano, nos dias 24 e 25 de julho, no Instituto Anísio Teixeira (IAT), na Paralela.

Contextualização

O plano de trabalho do Unicef, em parceria com a SEC, é congregar todas as iniciativas das diversas áreas de atuação do estado para que se possa aproveitar a visão da escola como espaço estratégico, garantindo às crianças e aos adolescentes o acesso à cidadania e à dignidade. Para valorizá-los e à toda a população que nascerá no semi-árido, SEC e Unicef concordam que é preciso transformar a escola para que tenha a cara de região.

Há problemas que não podem ser negligenciados, como aponta Rui Pavan, tais como a falta de identificação dos alunos com o material didático que lhes é oferecido. “A educação precisa ser contextualizada, e a criança do semi-árido aprende de acordo com a visão da cidade”, destacou.

Ele indicou ainda outros temas que precisam ser discutidos, como as questões das comunidades afro-descendentes e indígenas que povoam o semi-árido. “Nesses casos, observamos um dupla discriminação, étnica e de costumes”.

Pavan ressalta ainda a importância de tornar mais acessível aos alunos da rede os conceitos e as práticas da educação física, que é pouco trabalhada nas regiões áridas e, quando trabalhadas, pouco considera as condições gerais da população. “Da mesma forma que não alfabetizamos as pessoas para formar apenas grandes escritores, o ensino da educação física não deve ser direcionado apenas para a formação de atletas, mas devemos fazer do esporte um elemento de prazer”, comentou.

Na sua opinião, a educação para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST), principalmente a AIDS, que já infecta pessoas em 70% dos municípios do semi-árido, deve começar nas escolas. “É preciso trabalhar a questão da sexualidade nessas regiões, a partir da escola, respeitando as características locais”, enfatizou. A luta é para que a escola seja efetivamente um ponto de convergência entre diversas políticas de estado.