A esperança dos produtores de cacau do sul da Bahia, que viram a economia da região entrar crise decorrente da vassoura de bruxa nos últimos 20 anos, foi revigorada com o lançamento do Plano de Desenvolvimento e de Diversificação Agrícola na Região Cacaueira. O presidente Lula e o governador Jaques Wagner estiveram nesta sexta-feira (9) em Ilhéus para anunciar as metas do novo plano, que vai beneficiar 25 mil agricultores da região e prevê investimentos de R$ 2,2 bilhões até 2016 para revitalizar a lavoura cacaueira.

“Vim à Bahia, uma terra extraordinária, para lançar o plano que vai salvar a indústria de cacau e incrementar a produção. Devemos lembrar que essa região já foi muito rica, mas empobreceu com o tempo. Nossa meta é devolver aos produtores a fé de que o cacau é um fruto rentável e valioso”, afirmou o presidente Lula.

O PAC do Cacau visa ainda incentivar a diversidade agrícola no sul do estado, estimulando o cultivo consorciado do cacau com outras culturas, como dendê e seringueira. Entre os objetivos, também está a renegociação da dívida dos produtores de cacau, mediante redução de encargos, descontos e prazo adicional para pagamento em até 17 anos, entre outras facilidades.

Para o governador Jaques Wagner, a meta principal do plano é recolocar e manter Ilhéus e Itabuna na rota do desenvolvimento do estado. “Que, definitivamente, nós consigamos agora a recuperação da lavoura de cacau”, falou. As novidades anunciadas também animaram os cacauicultores da região, representados na ocasião por João das Neves Santos, porta-voz da Associação de Produtores de Mutuípe. “A crise da vassoura de bruxa emperrou o desenvolvimento da região. Esperamos agora a reversão desse quadro”.

Com o aporte de recursos, apoio tecnológico e crédito decorrente do plano, estima-se que será possível implantar 150 mil hectares de cacau com clones (mudas de alto rendimento e resistentes à praga da vassoura de bruxa) e adensamento da lavoura (aumento do número de plantas por hectare).

A respeito do plantio do cacau consorciado com a seringueira e o dendê, informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dão conta de que tal prática é um bom negócio. Consultores do mercado financeiro mundial foram ouvidos e estudos técnicos e econômicos foram realizados para o surgimento da idéia.

O secretário da Agricultura, Geraldo Simões, afirmou ter a convicção do novo futuro da região, após duas décadas de crise. “Durante esse tempo, assistimos à diminuição da produção e do número de trabalhadores, que caiu de 400 mil para 110 mil nas cidades do cacau”, disse ele, acrescentando que a dívida dos produtores também impediu que eles tivessem acesso a bancos, financiamentos e crédito. A ministra da Casa Civil da Presidência, Dilma Rousseff, falou sobre a importância de ações como o PAC do Cacau. “O governo está comprometido com o desenvolvimento do Nordeste. E a Bahia, como o maior estado da região, não pode ficar de fora de nossas atenções”.