“Não tenho vergonha de sair da maré com o saco de marisco na cabeça e atravessar a cidade com os pés cheios de lama. Essa é a maneira de a gente ganhar nosso sustento”, são as palavras de Maria das Dores, uma das marisqueiras do município de Jaguaripe, a 240 km de Salvador. Mostrando as mãos marcadas pelo trabalho árduo no manguezal, ela contou sobre sua rotina de luta, durante a assinatura de convênio entre a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do Estado (Sedes) e o Núcleo Jaguaripense de Apoio Social.

O convênio será executado através do projeto Pescando Renda da Sedes. O objetivo é adquirir kits marisqueira, que serão entregues a 59 trabalhadoras do município. Estes conjuntos de equipamentos vão proporcionar melhores condições de higiene, desde a lavagem até a embalagem dos mariscos.

Convênio semelhante também foi assinado no município de Aratuípe. Neste, 100 famílias serão beneficiadas. “Somos como aranha, a gente vive do que tece. Esse kit é só o começo. Espero que venham outras ações como esta para mudar nossa realidade de aventureiros”, disse a marisqueira aratuipense, Maria Flávia dos Santos. Aproximadamente 70% da população local sobrevive da mariscagem e da pesca.

“Catar marisco tem de deixar de ser um trabalho insalubre. Com os kits, essas mulheres evitarão ficar agachadas, o que prejudica a coluna. Além disso, com mais higiene no trato do alimento, teremos um produto com mais qualidade. Isso agrega valor ao marisco e melhora a renda dessas famílias”, explicou a superintendente de Inclusão e Assistência Alimentar da Sedes, Ana Torquato. Nos dois municípios, serão investidos R$ 350 mil com a aquisição dos kits marisqueiras.

Canoas motorizadas

“O pescador não precisa de cesta básica, mas de canoa, rede e anzol para trabalhar”, afirmou o presidente da Associação de Pescadores e Marisqueiras de Nazaré, Pedro da Silva, durante a entrega, pela Sedes, de cinco canoas de fibra, motorizadas, e apetrechos de pesca à Associação. Mais de mil famílias utilizarão os equipamentos em revezamento. A ação também faz parte do Projeto Pescando Renda.

“De agora em diante, nós poderemos ir além da costa do Rio Jaguaripe e chegar ao mar para trazer um maior número de peixes. Teremos mais renda e alimento na mesa de nossas famílias”, festejou Pedro da Silva, lembrando que os pecadores não vão mais precisar alugar barcos particulares para carregar o pescado. O governo do Estado também está viabilizando uma sede para a Associação, onde será armazenado e comercializado o pescado, com menor custo para o consumidor.

Outra notícia que deixou os pecadores do município de Nazaré satisfeitos foi o anúncio sobre o pacote do governo baiano e do Ministério da Pesca, em que o diesel utilizado para as atividades pesqueira e marisqueira receberá isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e subvenção tarifária federal. Com isso, haverá redução média de R$ 0,50 por litro.