O público baiano terá a rara oportunidade de assistir a uma das mais antigas e consagradas manifestações das artes populares do Oriente, o teatro noh (pronuncia-se nô) japonês, encenado por 14 atores da Escola Hosho, do mestre Hajime Sano. A apresentação é única, no dia 2 de julho, às 20h, na Sala Principal do Teatro Castro Alves.

O espetáculo integra as comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil e marca o lançamento do 1º Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac/Bahia).

Antecedendo essa apresentação, dois eventos especiais, gratuitos, serão realizados na próxima segunda-feira (30): o Workshop de Teatro Noh – Teatro Clássico Japonês, com a bailarina e pesquisadora Ângela Nagai, do Instituto de Artes da Unicamp (SP), e a palestra Teatro Noh – Do Clássico à Vanguarda, com a professora e pesquisadora Darci Kusano, de São Paulo, autora de diversos livros sobre o tema.

A realização é do Fiac e Fundação Cultural do Estado, com apoio do Teatro Castro Alves, Secretaria de Cultura e governo federal.

Atividades gratuitas

O Workshop de Teatro Noh – Teatro Clássico Japonês tem 30 vagas e é destinado a alunos de dança e artes cênicas, artistas profissionais e pesquisadores com idade mínima de 16 anos. Entre as atividades, haverá uma palestra sobre fundamentos filosóficos e estéticos, demonstração de bailado e exercícios práticos utilizando réplicas de máscaras noh.

Os interessados devem enviar mensagem para o endereço eletrônico teatro@funceb.ba.gov.br com o assunto ‘Inscrição Teatro Noh’. No corpo do e-mail devem constar as seguintes informações: nome, idade, telefone, e-mail e breve currículo (máximo de 10 linhas).

Os alunos devem levar meias brancas de algodão, um leque de abrir e fechar e uma faixa de qualquer tecido com um metro e meio de comprimento, no mínimo.

Já a palestra Teatro Noh – Do Clássico à Vanguarda é aberta ao público em geral, sem necessidade de inscrição prévia. Serão abordados temas como os teatros clássicos medievais: noh (tragédia) e kyôguen (comédia), a estética de Zeami, criador do noh, dramaturgia e classificação das peças, introdução às peças de noh moderno de Yukio Mishima e o noh de vanguarda.

Encontro entre o humano e o sobrenatural

O teatro noh é a forma mais antiga do teatro japonês, nascido no século 14. Com suas máscaras de madeira, linda poesia e uma dança enigmática, o noh é um encontro entre os mundos humano e sobrenatural: deuses, demônios, seres da natureza e guerreiros. É uma arte considerada patrimônio mundial pela Unesco.

O noh versa sobre dramas universais e sobre a luta do espírito humano para superar os estados ilusórios da mente. Além disso, sua história foi cunhada na mitologia e nas filosofias de duas grandes religiões: o xintoísmo e o budismo. O noh transformou em dramaturgia a grande literatura medieval e sua encenação bebeu nas artes populares, lapidando-se  na estética zen. 

Noël Peri (1865/1922), pioneiro na pesquisa sobre o teatro noh, escreveu sobre a essência da interpretação: “O noh é uma escultura viva. A beleza do noh é expressa, de fato, mais na beleza escultural do que numa beleza pictorial. É o jogo do ator, associado à fala e à música, que lhes permite descrever as paisagens, os fatos e os sentimentos mais íntimos”.