De Canudos, alto sertão baiano, veio o som que abriu os festejos do Largo do Pelourinho neste sábado, 21, no São João do Pelô 2008. A banda de Pífanos de Bendegó embalou a festa de centenas de visitantes do Centro histórico nesta noite, inclusive de dona Gildete Santos. “Adoro o Pelô e o São João daqui tá muito bom. Tô curtindo muito”, exclama a auxiliar de enfermagem.

Fotos: Carlos Alcântara/Divulgação
são joão no pelô - foto: carlos alcântara

O som também serviu para embalar o chamego dos namorados Celso Bonfim e Isabel Nogueira, ela paulista e ele um autêntico soteropolitano. “Isso é que é autenticidade. Gostei muito”, afirma afinado o casal. A banda de pífanos da cidade de Canudos é a prova de que as manifestações artísticas e culturais do interior, num sentido inverso neste período, estão sendo valorizadas na capital, nessa que é uma das mais importantes festas populares da Bahia.

Pelos becos, ladeiras e ruas do Pelô, não faltam atrações para animar o público. Na rua João de Deus, o tradicional trio formado por sanfona, triângulo e zabumba executa um autêntico forró pé de serra.

Enquanto isso, no Terreiro de Jesus, o forrozeiro Del Feliz comandava a festa para uma multidão, que acompanhava atenta a exibição do cantor e dos dançarinos profissionais, em busca de um desempenho melhor.

“A gente olha e tenta fazer igual, né? Tá muito boa essa programação”, avalia o casal Marisa e João, pela primeira vez no São João do Centro Histórico.

Decoração à parte

“Nota 10. Tudo está muito colorido e animado”, assim avalia a ambientação do Pelô a analista financeira Claúdia da Paz. Bandeirolas coloridas em todas as ruas e um painel com a reprodução de São João do Carneirinho na parte central do Largo principal embelezam e dão mais vida aos festejos. No entorno, as barracas de bebidas e comidas típicas também seguem um padrão de beleza, ornamentadas com tecidos xadrez, fitas e flores, numa produção comandada pelo Pelourinho Cultural, órgão da Secretaria de Cultura responsável pela organização da festa.

Nas barracas, bolos de aipim, milho e amendoim cozido são as guloseimas mais disputadas. “Os bolos são os mais vendidos”, diz dona Maria da Conceição, barraqueira do Centro Histórico há 18 anos. Já na barraca da Edileusa, há uma diversidade de licores: jenipapo, maracujá, uva passa, etc. “Com certeza o de jenipapo é o campeão de vendas. Já vendi uns 25 litros desde o início da festa”, afirma a barraqueira.

De olho na festa

são joão no pelô - foto: carlos alcântara

De volta ao Largo do Pelô, um original samba de roda junino tomou conta do arrasta-pé que, nesse caso, é marcado na palma da mão pelo grupo Samba de Roda Urbano. Trata-se de uma manifestação tradicional da capital, existente há mais de 35 anos, derivada do samba de roda do recôncavo e que fez muito sucesso em Salvador nas décadas de 70 e 80. “Havia festival de samba junino entre bairros, só no Nordeste de Amaralina existiam 54 grupos, em toda a cidade deviam ser uns 200”, afirma o compositor Tote Gira, um dos integrantes do Samba de Roda Urbano.

Pouco depois das nove da noite, a cantora Daniela Mercury, vestida como uma ousada caipira, subiu ao palco do Terreiro e embalou milhares de pessoas com um repertório pra lá de eclético, com direito a xote, xaxado, e até axé comercial, com o qual ficou mundialmente famosa.

Segundo o secretário do Turismo, Domingos Leonelli, a festa tem atraído famílias inteiras, num grande arraial de alegria e paz. “Estou duplamente feliz”, afirma o secretário.