A alegria e a tranqüilidade são as marcas registradas dos festejos juninos no Centro Histórico de Salvador. A Polícia Militar ainda não fechou os números referentes às ocorrências verificadas durante o São João, mas um balanço parcial da segunda-feira (23) já demonstra que quem apostou em dançar forró no Pelourinho para fugir de confusão e tumulto fez um bom negócio.

Na véspera de São João, a PM registrou apenas uma agressão a um menor de idade, uma briga envolvendo turistas e uma prestação de socorro a uma pessoa ferida que foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE) – os outros dois casos foram devidamente encaminhados à Delegacia Especial de Repressão a Crimes contra Crianças e Adolescentes (Derca) e à Delegacia Especializada de Proteção ao Turista (Deltur).

A tranqüilidade atestada pelos números foi referendada pela quantidade de famílias que levaram seus filhos para conferir a festa no Pelô, sobretudo na noite desta terça-feira (24), feriado de São João. Assim fez o engenheiro paulista Túlio Francisco de Oliveira, que não pensou duas vezes ao decidir levar o pequeno Tulinho, de 2 anos, para conferir o colorido das quadrilhas e o som de forró nos palcos do Centro Histórico.

“Até tive um certo receio de trazê-lo no início, mas vi pela televisão que a festa estava bem tranqüila e sem tumulto. O movimento existe, mas as pessoas se divertem em paz”, conta ele, que mora em Salvador há quatro meses com a esposa Suzy e o filho. Eles vieram de Sorocaba, no interior de São Paulo, e disseram que está sendo inesquecível conhecer o São João da Bahia. “No sudeste, a festa não é muito tradicional como aqui no Nordeste. É sempre bom conhecer algo novo”, falou Túlio.

O São João da Bahia, festejado no Pelourinho, prossegue até 29 de junho, dia de São Pedro. Até lá, o público ainda poderá conferir variadas atrações na Praça Municipal, no Terreiro de Jesus, no Largo do Pelourinho e em diversas ruas do Centro Histórico. Para promover a festa em toda a Bahia, o Governo do Estado investiu recursos da ordem de R$ 10 milhões em atrações artísticas, infra-estrutura, saúde e segurança. Hoje (24), a festa no palco principal, montado no Terreiro de Jesus, ficou por conta da banda Lua Cheia, do Trio Nordestino e do cantor Xangai.

As estimativas oficiais apontam um número de 20 mil pessoas circulando pelo Pelourinho desde o início da festa, na última sexta-feira. O movimento de toda essa gente resulta em lucro no bolso dos comerciantes que armaram suas barracas para vender bolos, canjicas, licores e outras delícias típicas da época. A quituteira Eunice Rodrigues Barbosa, que ergueu sua barraca na Praça da Sé, festejava as vendas fartas. “É a primeira vez que eu trabalho no São João de Salvador. O resultado foi tão bom que eu vou estar aqui no ano que vem de novo”.

A também vendedora e quituteira Mônica de Assis não tinha do que reclamar. “Não sobrou nada. O povo consumiu de tudo, do milho verde ao bolo de aipim e até torta de chocolate”, disse ela, que atribui a animação dos shows (comandados por gente do cacife de Daniela Mercury e Carlos Pitta) à disposição do público em comprar. Esperta, Mônica também deu uma variada no cardápio para atrair quem não gosta tanto assim das iguarias típicas de São João. “De um lado, eu tenho a canjica, o milho assado e o amendoim cozido. Do outro, tem o pastel, a coxinha e o pãozinho. Felizmente, eu faturei dos dois lados, pois pessoas de todos os gostos apareceram aqui”, alegrou-se. Em sua mesa de quitutes, cada pedaço de bolo saía por R$ 2,50, enquanto o licor ficava por R$ 0,50 a dose menor, R$ 1 a dose maior e R$ 5 a garrafa.