O Centro Estadual de Oncologia (Cican) é a única unidade da rede pública que oferece tratamento aos pacientes com câncer na Bahia. Equipado com laboratório de patologia clínica, oncologia clínica, consultórios, farmácia, mamógrafos e salas de tomografia, ultra-sonografia e quimioterapia, o centro atende a cerca de 500 pacientes por dia. Na luta para vencer a doença, a maioria vem do interior do estado – muitos deles de cidades de até 600 a 900 quilômetros de distância de Salvador.

A cada 21 dias, seu Antônio José Fontes, 66 anos, sai da cidade de Alagoinhas, onde mora, para se submeter às sessões de quimioterapia no Cican. Nessa rotina desde 2006, ele tem confiança em sua vitória contra o câncer. “O tratamento vem melhorando minha qualidade de vida. E o atendimento aqui no Cican é muito bom, assim como todo o corpo de funcionários”, diz.

Já a paciente Maria Célia da Silva, 43 anos, vem de Retirolândia, na região do sisal, para fazer a quimioterapia. Com câncer de estômago, ela também acredita que vai superar a doença. “Tenho muita fé e sei que terei forças para encontrar a cura”.

Entre a aparelhagem mais recente, destaca-se um mamógrafo, inaugurado no ano passado, que realiza o procedimento chamado biópsia estereotáxica de mama (biópsia guiada por mamografia), capaz de detectar lesões pequenas, não identificáveis por apalpação (toque) ou ultra-sonografia.

O atendimento no Cican, aberto de segunda à sexta-feira, das 7 às 19h, é gratuito e voltado a pacientes que o procuram espontaneamente ou indicados por outras unidades. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê que 466 mil novos casos da doença vão ser diagnosticados, este ano, no Brasil.

Na Bahia, serão 19 mil novos casos, em 2008 – 2.500, de próstata e 1.800, de mama. O médico Cléber Martins Gomes, oncologista clínico e assessor técnico do Cican, afirma que a doença tem cura. Basta que a população tenha consciência da necessidade de prevenção.

“Detectado precocemente, o câncer de mama tem 98% de chance de cura. O percentual chega a 100% nos casos de próstata e colo de útero. O que precisa haver é prevenção, com consultas regulares ao médico. E certos mitos devem ser quebrados. O homem, por exemplo, não deve achar que sua masculinidade vai ser ferida por conta do exame de toque retal, imprescindível para a verificação do câncer de próstata”, comenta Cléber. Ele acrescenta que, no mundo inteiro, os tipos de câncer são a segunda maior causa de mortes, atrás apenas das doenças cardiovasculares.

O Cican surgiu em 1982, no bairro do Rio Vermelho, como um centro voltado à saúde da mulher, em especial ao tratamento de câncer de mama e de colo de útero, além de doenças infecto-contagiosas. Na década de 90, mudou-se para o prédio atual (Avenida Vasco da Gama, próximo ao HGE e defronte à Hemoba) com o objetivo de oferecer diagnóstico, prevenção e tratamento ao câncer na Bahia. Atualmente, presta atendimento a pacientes com tumores na próstata, nas mamas (os dois tipos de maior incidência), além de neoplasias malignas na pele, urológicas e ginecológicas.

Novos serviços no interior

O atendimento aos pacientes oncológicos deve ser descentralizado na Bahia, ou seja, ampliado para o interior. Uma portaria do Ministério da Saúde, inclusive, já condiciona o repasse de determinados recursos aos estados que formarem uma rede oncológica em seus territórios.

Assim, há a previsão futura de que Juazeiro e o oeste do estado ganhem um serviço desse tipo. Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas, Feira de Santana e Irecê também seriam contempladas. Já o município de Itabuna, no sul da Bahia, tem esse tipo de serviço disponível na Santa Casa de Misericórdia.