Especialistas alertam para riscos de acidentes com fogos de artifício

Embora as estatísticas não apontem para um aumento considerável no número de acidentes que resultam em queimaduras durante as festas juninas, é preciso muito cuidado no manuseio de fogos de artifício, principalmente com as crianças.
O alerta é do médico Carlos Briglia, coordenador do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Geral do Estado (HGE), referência no estado para assistência a vítimas de queimaduras. Este ano, a unidade de queimados do HGE ganhará importante reforço com a inauguração de um posto avançado no Hospital Municipal de Cruz das Almas.

Para viabilizar a inauguração do novo serviço, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) investiu cerca de R$ 260 mil na reforma e adequação do espaço físico no hospital e mais de R$ 50 mil em equipamentos e material de insumo.

O posto avançado de Cruz das Almas funcionará, inicialmente, com um total de 18 leitos, sendo cinco pediátricos. Em breve, o serviço terá também 10 leitos de UTI. Obedecendo aos mesmos critérios técnicos do serviço do HGE, a unidade do hospital de Cruz das Almas atenderá aos casos de maior complexidade, referenciados por outras unidades que atendem aos casos de urgência e emergência.

Primeiros cuidados

Conforme explica Carlos Briglia, em Salvador, o atendimento a queimados não aumenta de forma muito expressiva durante o período de São João e a maioria dos casos que chega à unidade é de queimaduras leves, que não precisam de internamento.

Os municípios do interior concentram a maior incidência de casos, inclusive aqueles de maior gravidade, que resultam do fabrico clandestino de fogos e que podem provocar sérios acidentes, com mutilações e seqüelas graves. Ainda segundo Briglia, acidentes com queimaduras acontecem durante o ano inteiro, e atingem, com maior freqüência, as crianças.

O especialista adverte que os primeiros cuidados em casos de queimaduras são importantes e que, em hipótese alguma, devem ser usadas receitas caseiras. “Em caso de queimadura, a região afetada deve ser lavada com água corrente e protegida com uma compressa úmida. Em seguida, o paciente deve buscar atendimento médico especializado”, recomenda o médico. Outra questão lembrada por Briglia é a mistura de bebida alcoólica e condução de veículo, comum em épocas festivas, e que representa um sério risco de acidente.

O Centro de Tratamento de Queimados do HGE é referência no estado e um dos poucos serviços no país dotado de centro cirúrgico e UTI próprios. O serviço possui 42 leitos e uma equipe multidisciplinar, com médicos, fisioterapeutas, assistentes sociais e pessoal de apoio.

Atenção extrema

Dados da Associação de Cirurgia de Mão da Bahia (ACMB) indicam que no período de festas juninas, em torno de 90% dos acidentes graves, relacionados com a explosão de bombas, resultam em amputações e as crianças são as principais vítimas. Como já vem ocorrendo em anos anteriores, o Serviço de Cirurgia de Mão do HGE, em parceria com a ACMB, realiza uma campanha de prevenção, visando alertar a população para os riscos dos acidentes com fogos, sobretudo as explosões com bombas, que têm alto poder de mutilação.

A campanha prevê a distribuição, em serviços de urgência e emergência, unidades de saúde que dispõem de pronto atendimento e em locais de grande movimentação de cartazes e folhetos. Entre outras recomendações, os especialistas alertam que em caso de acidentes desse tipo, os pacientes devem ser encaminhados para um cirurgião de mão.

O Serviço de Cirurgia de Mão do HGE possui 14 especialistas, todos membros titulares da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão, coordenados pelo cirurgião de mão Marius Wert. A partir de agora, o Serviço terá importante apoio no Hospital Manoel Vitorino, que de forma integrada e com a mesma equipe de profissionais do HGE, responderá pelas cirurgias eletivas que forem necessárias após o atendimento de urgência e emergência às vítimas de queimaduras com lesões de mão.

O cirurgião explica que é preciso “atenção extrema” ao lidar com fogos de artifício, principalmente no caso de crianças, que não têm noção do perigo a que estão expostas. O especialista recomenda também que as pessoas procurem acender fogos de artifício o mais distante possível do corpo e, principalmente, das mãos e que os pais ou responsáveis evitem o acesso de crianças aos fogos de artifício e evitem soltar qualquer tipo de fogos quando estiverem ingerindo bebidas alcoólicas.

A importância do atendimento adequado nos casos de acidentes com traumas na mão é uma questão lembrada pelo médico. Ele garante que o atendimento especializado e imediato resulta num índice bem menor de seqüelas graves e acrescenta que explosões de fogos provocam lesões gravíssimas nas mãos, quase sempre com mutilações – em geral amputação de dados e de toda a mão.

Atendimentos no HGE referentes a acidentes com queimaduras e explosões por bombas
(no período de 21 a 30 de junho, nos últimos três anos)

2005
Queimaduras – 45
Explosão por bomba – 31
Total – 76

2006
Queimaduras – 71
Explosão por bomba – 41
Total – 112

2007
Queimaduras – 76
Explosão por bomba – 43
Total : 119