Troca de experiências pessoais, manutenção do diálogo e a valorização da cidadania. Este é um dos caminhos encontrados pela Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac) para qualificar o atendimento socioeducativo dos jovens envolvidos em atos infracionais. Com essa intenção, foi lançado nesta terça-feira (29), em Salvador, o Projeto de Terapia Comunitária, iniciativa pioneira na área.

As atividades serão desenvolvidas no Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente, local voltado ao acolhimento de adolescentes acusados ou suspeitos da prática de infrações. Através de uma equipe multidisciplinar, os jovens, seus familiares ou responsáveis receberão orientações com relação aos procedimentos a que serão submetidos até a aplicação de medidas socioeducativas ou remissão por parte da Justiça.

A intenção é oferecer um espaço de escuta aos adolescentes em situação de conflito com a Lei, familiares e vítimas da violência, envolvendo também os profissionais que atuam no Sistema de Garantia de Direitos infanto-juvenis. Através do projeto serão realizados, uma vez por semana, encontros para discussão de temas sociais, na intenção de construir e fortalecer vínculos comunitários saudáveis.

“Pretendemos fazer um atendimento humanizado. O impacto certamente será positivo para estes adolescentes que fazem um longo percurso a partir do momento em que são presos e encaminhados às delegacias especializadas. Através do projeto, eles vão entender a nova realidade em que se encontram”, explicou a assistente social Veralice Cardoso, idealizadora do projeto.

“É uma iniciativa inovadora no âmbito das medidas socioeducativas. Vai permitir que, em grupo, o indivíduo fale de sua dificuldade na tentativa de encontrar a saída para os problemas e recomeçar sua vida”, considerou o diretor geral da Fundac, Walmir Mota.

Além dos técnicos da Fundac, representantes do Ministério Público, Juizado da Infância e Juventude e Defensoria Pública integram a equipe do Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente. Durante o processo de acolhida um relatório psicossocial é produzido para subsidiar as decisões judiciais, assegurando os direitos pessoais e sociais do adolescente, sem perder de vista a necessidade de responsabilizá-lo pelo ato cometido.