Uma grande celebração à capoeira, com shows musicais de Naná Vasconcelos, Wilson Café, Roberto Mendes e Mariene de Castro ocorreu no Teatro Castro Alves, na noite desta terça, marcando o ato de registro da arte como patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

A festa promovida pelo Ministério da Cultura e pelo governo da Bahia. atraiu centenas de capoeiristas, estudiosos e amantes da capoeira. Um deles, mestre João Pequeno, com 90 anos dedicados à capoeiragem, foi aplaudido de pé pela platéia lotada.

“Nunca estudei, mas a capoeira já me deu vários títulos de doutor”, disse mestre João Pequeno. Num pronunciamento exibido em vídeo, o presidente Lula disse ser essa uma merecida homenagem à cultura negra e africana. “Estamos fazendo justiça á capoeira, filha do sofrimento mas também marca da camaradagem e um orgulho nacional”, afirma o presidente.

O governador Jaques Wagner anunciou que em 2009 será realizado, em Salvador, o primeiro Festival Internacional de Capoeira. Além do governador, estavam no espectáculo o ministro interino da Cultura Juca Ferreira, o presidente do Iphan, Luis Fernando de Almeida, o secretário Márcio Meireles e o presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo.

Criada pelos negros escravizados no Brasil colônia para se defender dos feitores na lutas de recaptura, a capoeira também é hoje um instrumento de inserção sócio-cultural. Há, em Salvador, diversas organizações não governamentais que utilizam a capoeira como eixo do desenvolvimento de projetos sócio-educativos com crianças e jovens, como o projeto Pequenos Joãos, do bairro Fazenda Coutos, que fez uma apresentação ao lado da orquestra de berimbaus. Alunos da Escola de Educação Percussiva Integral também exibiram uma afinada e sincronizada apresentação ao lado do percussionista Wilson Café.

Modalidade esportiva ou artística, a capoeira não existe sem a música, o ritmo ijexá, herança dos negros iorubás, executado a partir de uma fusão de instrumentos e tradições melódicas oriundos das culturas africana, portuguesa e brasileira, com o uso do berimbau, do pandeiro, da viola e das cantigas com rimas baseadas na fonética da língua portuguesa do Brasil.

O registro do Iphan deverá estimular e incentivar a atividade que já é adotada como prática de educação física nas escolas públicas de todo o Brasil. Também vai valorizar o trabalho dos mestres em todo mundo, sendo os eles os responsáveis pela difusão da cultura afro-baiana e da língua portuguesa em mais de 150 países, com a sua habilidade para ensinar a ginga, o ritual, as coreografias e a música que fazem da capoeira a luta, arte, dança ou o esporte patrimônio Cultural do Brasil.