A Secretaria Estadual da Educação (SEC) já iniciou a segunda etapa do projeto Revitalização das Escolas em outras 50 unidades da capital baiana, aumentando para 100, o número de contempladas. Desta vez, a iniciativa se concentrou no Subúrbio Ferroviário. No interior do estado deverá acontecer ainda neste semestre.

Para a secretaria, mais que investir em infra-estrutura e projeto pedagógico, é fundamental trazer a comunidade para dentro da escola. Por isso, o projeto é de cunho participativo e envolve toda comunidade escolar e as pessoas que vivem no seu entorno. Os resultados do sua execução foram apresentados nesta sexta-feira (4), no Hotel Vilamar, durante encontro com gestores das escolas envolvidas.

A superintendente de Acompanhamento e Avaliação do Sistema Educacional (Supav), Eni Bastos, afirmou que o projeto tem apresentado bons resultados. “Com o maior envolvimento na escola é visível o cuidado que estudantes e comunidade passaram a ter com ela, reduzindo a depredação e a violência. A revitalização começa pela mobilização e, a partir daí, é feita intervenções na estrutura física, gestão, organização da escola e também no pedagógico”.

O Revitalização das Escolas é intersetorial e envolve, além da Supav, a Superintendência de Desenvolvimento da Educação Básica (Sudeb) e a Superintendência de Organização e Atendimento da Rede Escolar (Supec).

De acordo com a coordenadora de acompanhamento da rede escolar, Maria da Glória Midlej, que também coordena o projeto, os resultados nesta segunda etapa devem ser ainda mais expressivos. “Quando o projeto iniciou havia muitas escolas sucateadas. Agora, o cenário é outro. A secretaria fez um grande investimento, possibilitando que o recurso do projeto seja investido em hortas comunitárias, implantação e requalificação de bibliotecas, entre outros”, explicou.

Mudanças

As escolas contempladas são escolhidas de acordo com um diagnóstico realizado pelas Diretorias Regionais de Educação (Direc). No ano passado, por exemplo, foram selecionadas 25 escolas da Direc 1B e 25 da 1 A. Já a segunda etapa contempla escolas do Subúrbio Ferroviário. No entanto, a SEC já vem trabalhando em prol da expansão do projeto e planeja, neste semestre, levá-lo a, pelo menos, uma escola das 31 Direc espalhadas pelo interior do estado.

Durante o encontro desta sexta, os gestores puderam falar das principais dificuldades encontradas durante a aplicação do projeto e como elas foram solucionadas. “A gente percebe que, se as escolas se isolam da sua comunidade, elas não conseguem avançar no pedagógico. Isso se dá por diversos fatores. Entre eles, porque os alunos não permanecem e os pais não acompanham a vida escolar dos filhos”, afirmou Maria da Glória.

No Colégio Estadual Bento Gonçalves, na Fazenda Grande do Retiro, as mudanças são visíveis e sentidas por toda a comunidade escolar. “A escola mudou completamente. Tinha buracos no chão, a quadra não era pinta nem fechada com alambrado. Hoje sentimos uma grande diferença”, conta a estudante da 7ª série, Ingrid Jesus Lopes, 16 anos.

A diretora da escola, Márcia Bonfim, disse que a revitalização começou com o resgate da identidade dos alunos. “Eles não se sentiam parte da escola. Foi preciso um trabalho de relações inter-pessoais. A partir daí, eles passaram a cuidar mais do estabelecimento e passamos a ter um ambiente de aprendizado mais favorável”, enfatizou a professora, que participou da primeira etapa do projeto.

Embora tenha entrado na segunda etapa, no Colégio Estadual Luiz Rogério de Souza a comunidade já começa a observar as primeiras mudanças de um trabalho que foi sendo maturado ao longo do ano passado.

“Assim que assumi a direção, no ano passado, implantei o projeto Plantando a Paz. A proposta era aproveitar uma grande área existente no fundo do colégio para fazermos uma horta comunitária. Distribuímos sementes entre os alunos e eles começaram a se envolver, vendo a escola com outro olhar”, contou o diretor Wellington Ferreira Pires. Na horta, os alunos plantam manjericão, pimentão, pimenta, cebolinha, coentro, salsa, cebolinha, quiabo, tomate, maxixe, feijão, entre outros. Tudo é utilizado na própria merenda escolar.