O governador Jaques Wagner assina na próxima quarta-feira (23), às 10h, ordens de serviço para início das obras de recuperação de grandes monumentos do Centro Antigo de Salvador, tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Todas as obras foram licitadas e serão coordenadas pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), autarquia da secretaria estadual de Cultura (Secult).

A solenidade de assinatura acontece no Palácio da Aclamação, construção originária de 1894 e objeto de estudo para tombamento como patrimônio baiano pelo Ipac desde outubro do ano passado (2007), com a presença de autoridades federais, estaduais e municipais, além de dezenas de representantes da sociedade civil.

Vistoria

Antes da assinatura, o Governador e comitiva realizam vistoria às obras de prospecção do palácio, acompanhados por técnicos que explicarão detalhes de recentes descobertas de pinturas parietais, elementos ornamentais, originalmente dourados, entre outras riquezas patrimoniais do imóvel.

Obras e recursos

As obras emergenciais do Palácio da Aclamação contam com recursos da ordem de R$ 1,5 milhão, oriundos exclusivamente do Estado. Já os quatros outros monumentos (Rio Branco, Pilar, Boqueirão e Casa das Sete Mortes) integram investimentos do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/NE-2) com total de R$ 15,4 milhões, financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid) e contrapartida do governo estadual. Todas as intervenções de restauração totalizam R$ 17 milhões.

Posteriormente, o Ipac licitará mais obras do Prodetur 2, incluídas também no valor acima, para restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Largo do Pelourinho) e Oratório da Cruz do Pascoal (bairro de Santo Antônio Além do Carmo). A liberação dos recursos foi viabilizada em agosto do ano passado (2007), através de convênio assinado pelo governador Jaques Wagner e a então ministra do Turismo Marta Suplicy. Os imóveis do Prodetur 2 incluem o restauro arquitetônico completo, a conservação e a revitalização de bens móveis e integrados. Já o Aclamação está com obras emergenciais pois não passava por grande reforma há mais de 18 anos.

Monumentos tombados que serão recuperados

Pilar – O conjunto formado pela Igreja do Pilar e cemitério foi construído em meados do século XVIII e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938. A edificação da igreja data de 1756 e o cemitério de 1799. Estão localizados na parte inferior da falha geológica que separa as cidades alta e baixa, na capital baiana.

Boqueirão – A igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão teve sua construção iniciada em 1726, na Rua Direita de Santo Antônio Além do Carmo e, também, é tombada pelo IPHAN. Implantada à meia encosta, desenvolve-se em térreo, primeiro pavimento e dois subsolos – tendo o último sido transformado em catacumba no século XIX. A igreja tem frontão azulejado com volutas e nicho central em forma de concha. Suas torres possuem óculos e terminação octogonal, com bulbo e pináculos. O interior é neoclássico e o forro da nave em perspectiva ilusionista barroca, de inspiração italiana, atribuída a um (a não ser que se identifique quem foi) discípulo do artista José Joaquim da Rocha.

Palácio Rio Branco – A mais antiga sede do governo da Bahia e um dos palácios mais antigos do Brasil. Situado na mesma praça onde estão a sede da Prefeitura, a Câmara Municipal e o Elevador Lacerda, o palácio foi construído em taipa de pilão pelo primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, em meados do século XVI. Abrigou Dom Pedro II em 1859 e, no fim do século XIX, ainda ostentava a fachada colonial portuguesa, quando foi reformado em 1900, passando a ter estilo neoclássico. Em 1919, foi reinaugurado depois dos bombardeios que sofreu em 1912, a mando do então presidente Hermes da Fonseca. Hoje, o imóvel abriga a Fundação Pedro Calmon, a Fundação Cultural do Estado e o ‘Memorial dos Governadores’ que serão temporariamente relocados.

Casa das Sete Mortes – Assim chamado devido aos homicídios que ocorreram no ano de 1755, o quarto monumento a ser restaurado foi construído a partir da segunda metade do século XVII e é tombado pelo Iphan desde 1943. O solar está localizado na Rua Ribeiro dos Santos, antiga Rua do Passo, e tem como proprietária a Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim. Dentre as principais características arquitetônicas do imóvel estão o pátio interno com revestimento de azulejos seiscentistas, a fachada revestida de azulejos portugueses do séc. XIX e o vestíbulo com azulejos ingleses da mesma época, além de janelas do pavimento superior com ornamentos estilo D. Maria I.

Palácio da Aclamação – Antigo Palacete dos Morais, o Palácio da Aclamação foi residência oficial dos governadores, a partir de 1917 até a década de 1970. O prédio tem arquitetura do final do século XIX, passando por ampliações, reformas e restaurações posteriores para atender às funções exigidas. O salão nobre do palácio é decorado com painéis emoldurados, guirlandas, laços e medalhões, pintados por Presciliano Silva. Seu acervo é composto de mobiliários nos estilos D. José e Luís XV, porcelanas, cristais, bronzes, tapetes persas e franceses e telas de pintores famosos. Os salões de jantar, festas e reuniões, montados como no início do século passado, são um retrato fiel da época. Os quartos têm camas e guarda-roupas originais e dão à sensação de que o tempo ali não passou. A pequena capela, instalada no segundo andar do edifício, remete ao ar de devoção católica que imperava na antiga sociedade baiana. A vista para os jardins do Passeio Público e para a Baía de Todos os Santos é um convite especial para uma visita ao museu. A atração do espaço é a própria remontagem dos tempos áureos do Palacete. O imóvel está com tombamento provisório pelo IPAC/SECULT, cujo processo será submetido ao Conselho Estadual de Cultura (CEC).