Além de mostrar a hegemonia e aceitação da carne natural de animais de pastagens, o primeiro dia do Congresso Internacional do Boi de Capim discutiu as inúmeras vantagens competitivas e decisivas para o aumento das exportações e controle da sanidade do rebanho, sobretudo na erradicação da Febre Aftosa no Brasil. O evento, que está na sua terceira edição, começou nesta quarta-feira (16) e segue até sexta (18), no Othon Palace Hotel, em Salvador, com o tema Sanidade e Mercado.

Na oportunidade, a Bahia foi tratada como um estado com grande potencial de crescimento na pecuária bovina. “A Bahia teve um progresso notável, sobretudo no controle da sanidade animal, executado pela Secretaria da Agricultura (Seagri), através da Agência de Defesa Agropecuária (Adab), mas é preciso investir ainda mais na comercialização, com a construção de frigoríficos e melhorando a logística de embarque”, avaliou o presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNA), Sebastião Guedes.

Ainda segundo ele, as ações devem estar centradas no estímulo à produção e remuneração dos produtores e no apoio aos estados vizinhos que estão localizados na Zona Tampão. Durante o período da tarde foi elaborado um esboço de trabalho de incentivo aos frigoríficos.

O trabalho do Governo do Estado para adequação e inserção da produção baiana no mercado nacional e internacional foi apresentado aos congressistas pelo superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri, Wilton Cunha. As ações da Seagri incluem a reestruturação da EBDA, através da contratação de 500 novos técnicos, a informatização e a aquisição de novos veículos.

“Estamos ouvindo produtores e suas representações, além de apoiar a realização de eventos, como esse, que discutem e propõem alternativas para a criação de políticas públicas efetivas e direcionadas ao segmento agropecuário”, declara o superintendente. “

A Adab também já está com sua estrutura logística modernizada e seu trabalho reconhecido. O diretor do órgão, Altair Santana comemora a conquista, mas lembra da necessidade dos estados vizinhos se adequarem às exigências e investirem no controle da sanidade. “É custoso para a Bahia manter as 19 barreiras sanitárias fixas, somente na Zona Tampão, e os oito funcionários que cada uma exige”, considera. “Não vamos diminuir a atenção à sanidade, mas o progresso tem que avançar para essas fronteiras”, reforçou.

Alta do preço

Quem determina preço é o mercado e quem determina mercado é qualidade de oferta. Fundamentados nessa teoria econômica e que rege o mercado da pecuária de corte, os palestrantes e autoridades apontaram alternativas que impactam na diminuição de preço dos alimentos, sobretudo, na carne bovina – uma preocupação mundial.

Para o superintendente da Seagri, Wilton Cunha, a criação do boi de capim, que se caracteriza pela alimentação natural, com qualidade e baixo custo, é uma alternativa para a redução no preço do alimento.

“O boi, natural de capim, é livre de alimento de origem animal e de produtos da agricultura (grãos), não contribuindo para o aumento do preço dos alimentos e disponibilizando como produto final, carne saudável, livre de hormônios e produzida à um preço competitivo”, justificou.

O produtor de Goiás, Vinícius Araújo, que participou do congresso, estava atento às informações sobre a criação do boi de capim e diz que quer implantar na sua propriedade, que já tem seis mil cabeças de gado. “O processo tem inúmeras vantagens, quando comparados ao método de semiconfinamento, relativas ao custo e a qualidade da carne, além de ter ótima aceitação no mercado”.

O evento é uma realização da Associação Baiana de Expositores (Abexpo) e tem o patrocínio do Governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri).