O seminário “Diálogos pela Vida: Como reduzir os homicídios na Bahia” reúne até esta quarta-feira (23), na Fundação Luís Eduardo Magalhães, especialistas em homicídios para discutir novas formas de combate ao crime no estado.

Com foco em questões pontuais como o tráfico de drogas, territorialidade e preservação dos locais dos crimes, cerca de 200 delegados, militares, agentes de investigação, promotores, procuradores e defensores públicos foram chamados a colaborar com propostas de prevenção, intervenção e enfrentamento das mortes ocorridas de forma violenta em toda a Bahia.

Na manhã desta terça-feira (22), o sociólogo José Luiz Amorim Ratton Júnior, da Secretaria da Defesa Social de Pernambuco falou sobre um projeto do Programa Nacional de Segurança Pública que está reduzindo o número de homicídios naquele estado. O professor universitário ressaltou o uso eficiente de medidas policiais sem emprego de violência. “É preciso combinar ações qualificadas de repressão com ações de prevenção social da violência, nas áreas de saúde, esporte, cultura e educação com presença permanente do Estado”, disse Ratton Júnior.

O modelo de diálogo permanente com a sociedade, com foco nas populações mais vulneráveis, foi outra teoria defendida pelo estudioso, para valorizar medidas de gestão apoiadas em informação, construção de indicadores, inteligência e tecnologia. “São procedimentos que indicam uma polícia com postura mais moderna para desarticular as redes criminosas”, afirmou.

A delegada Emília Blanco, do gabinete do delegado-chefe da polícia civil, apresentou um estudo sobre o crescimento do número de homicídios dolosos em Salvador, isto é, cometidos com intenção de matar, nos últimos 12 anos. Pelos gráficos, dá para perceber que a curva para cima vem se acentuando ano a ano, de 96 a 2008, sendo a taxa atual de homicídios por habitante, parâmetro usado pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 51.7 mortes para cada 100 mil habitantes. O organismo considera aceitável o número de 24 para cada 100 mil habitantes.

De janeiro a junho de 2008, a média foi de 5.2 mortes por dia, em 90% dos casos, com uso de arma de fogo. Os homens negros, com idade entre 18 e 29 anos, são a maioria das vítimas e as mortes diretamente relacionadas à guerra pelo comando do tráfico de drogas.

“Existe a substituição dos líderes para ocupar o poder deixado por Pitty, Perna e Raimundão, traficantes fora de ação, mas a polícia vai continuar a reprimir o tráfico e caçar esses bandidos”, enfatizou o Secretário de Segurança Pública da Bahia, César Nunes.

De acordo com o delegado licenciado da polícia federal, há outras iniciativas adotadas pelo estado como o fortalecimento da delegacia de homicídios, um maior número de policiais e a devida capacitação destes, investimento maciço em inteligência e o que chamou de principal arma – “0 constante diálogo com as comunidades, porque combater a criminalidade é prioridade do Governo do Estado.