A vida de milhares de moradores do oeste e do semi-árido no estado da Bahia já apresenta mudanças um ano após o lançamento do Programa Água para Todos. Das 100 novas localidades abrangidas desde a sua implantação, em agosto do ano passado, 50 estão nas áreas mais secas dessas regiões, em municípios como Canápolis e Irecê.

No oeste, um dos locais beneficiados é o pequeno distrito de Represa, que pertence ao município de Canápolis, a quase mil quilômetros de Salvador. Lá, os moradores enfrentavam muitas dificuldades para adquirir água de qualidade destinada ao consumo humano e animal.

A comerciante Eliete Fagundes conta que a água sempre foi tida como uma mercadoria valiosa. Para conseguir a quantidade necessária para se manter, Eliete disse que chegava a pagar o aluguel de caminhões pipa e o transporte de galões de água de qualidade em carros-de-boi.

Para João da Silva, que também vive em Represa, a água que começou a chegar na torneira também representa melhorias na qualidade de vida dos moradores. “A gente agora tem a garantia de que não vai haver contaminação com doenças de pele e estômago e poderemos beber água tranquilamente, sem o gosto salobro”, enfatiza.

Além dos moradores de Canápolis, mais de 60 mil pessoas nos municípios de Brejolândia, Santana, Serra Dourada, Tabocas do Brejo Velho também já contam com água tratada. A implantação e ampliação dos sistemas de abastecimento no oeste foram realizadas com investimentos de R$ 39 milhões, oriundos do programa.

Segundo informações da Embasa, o Água para Todos tem 100% de cobertura nas zonas urbanas e rurais dos municípios de Irecê, Ouriçangas, Paramirim e Presidente Dultra, num total de 400 mil pessoas beneficiadas, somente nestas quatro cidades.

Cisternas

Em um ano, o programa também foi responsável pela construção de aproximadamente 16 mil cisternas, segundo dados da Casa Civil do governo. Os tanques para armazenamento representam um grande avanço, sobretudo na zona rural de municípios do semi-árido, onde a água da chuva era guardada apenas em pequenos tonéis.

O pequeno agricultor Natalino Nunes, que vive no município de Central, comemorou a instalação de uma cisterna em sua pequena propriedade. Segundo ele, não haverá mais preocupação com água.

A mulher de Natalino, Maria Alice Brito, disse que o fato de não depender mais de caminhões pipa representa mais tranqüilidade. “Agora eu estou mais relaxada, pois posso cozinhar, tomar banho, lavar roupas e também plantar umas coisinhas em nossa terra”, afirma.

Outra situação, considerada crítica, era a dos moradores dos povoados de Variante I e II, em São Gabriel, também na região de Irecê. A água consumida pelos habitantes do local tinha coloração avermelhada e não reunia condições para o consumo sem que antes fosse fervida e filtrada.

As agricultoras Iraci Gomes, 72 anos, e Severina Pereira, 68, lembram sem saudade da época em que consumia “água barrenta. Era uma verdadeira lama, as crianças ficavam com diarréia, perdíamos vários panos que usávamos como peneira, e, mesmo assim, a água não ficava limpa como a que cai hoje na torneira”, explica Severina.