Mais resistentes e produtivas, as variedades de mamona EBDA MPA11 e EBDA MPB1, desenvolvidas pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), foram lançadas nesta quarta-feira (06), no Hotel Blue Tree, no Rio Vermelho, como parte da programação do III Congresso Brasileiro de Mamona (CBM). O evento começou na última segunda-feira (4) e segue até esta quinta (7), no Bahia Othon Palace Hotel.

As duas variedades foram testadas pela EBDA, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em diversas condições de clima e solo dos dois Estados, sendo consideradas apropriadas para as regiões produtoras de mamona levando em consideração as próximas safras.

O pesquisador da empresa e responsável pelo desenvolvimento das pesquisas com as duas cultivares, Ariosvaldo Novais Santiago, também foi premiado pela Comissão Científica do III CBM, pelo trabalho “EBDA MPB1 Nova Variedade de Mamona com Potencial Produtivo para a Agricultura Tecnificada”.

Santiago recebeu a honraria por apresentar uma contribuição científica relevante ao desenvolvimento do agronegócio mamona. Nesta quinta-feira (07), o pesquisador também recebe uma comenda, como homenagem do Governo do Estado da Bahia e da Embrapa Algodão, pelos trabalhos realizados em prol do avanço tecnológico da ricinicultura.

De acordo com Ariosvaldo, os cultivares são indicados para a agricultura familiar e a tecnificada, em função de suas características e adaptação ao semi-árido. “Estas variedades apresentaram excelente rendimento, precocidade e resistência a pragas e doenças, nas condições das áreas zoneadas para a cultura”, explicou.

Durante o lançamento, o secretário da agricultura, Geraldo Simões, foi homenageado pela comissão do congresso e ressaltou a prioridade do governo com a agricultura familiar. “Estamos trabalhando de maneira intensa para melhorar a produtividade da mamona no Estado e melhorar a renda do produtor. Para isso, a EBDA sai na frente do ponto de vista da tecnologia com o lançamento dessas duas variedades, uma para a agricultura familiar e a outra para o agronegócio, ambas resistentes e com alta produtividade, o que pode vir a beneficiar todo o Nordeste brasileiro”.

Características

O cultivar EBDA MPA11 se destaca pelas características de porte alto e ser recomendada para áreas com chuvas regulares entre 600 e 700 mm. De caule roxo, com cera, esta variedade tem folhas lisas, sua primeira floração acontece aos 96 dias, e os frutos são de cor verde, com sementes grandes, de cor preta, e densidade de 490 gramas por litro. O período para a primeira colheita é de 162 dias, e a média de cachos 26, por planta, com produtividade média de 1.900 quilos, por hectare, e porcentagem de óleo, nas sementes, de 46%.

Segundo Edson Alva Oliveira, agrônomo da EBDA, “esta variedade, plantada em consorciação com feijão e milho, apresenta bons resultados aos agricultores familiares que têm nessas culturas uma renda extra”.

Já o cultivar EBDA MPB1, de porte baixo, é indicado para a agricultura tecnificada, em monocultivo. Também de ciclo médio de 96 dias, seus melhores desempenhos, nas regiões produtoras da Bahia e Minas, foram analisados em condições de chuva regular (600 a 700 mm), ou em áreas irrigadas.

Outras características desse cultivar é o caule verde claro, folhas onduladas, a primeira floração aos 49 dias, primeira colheita aos 96 dias, frutos verdes, sementes pequenas, de cor geralmente marrom, altura de um metro, produtividade de seis cachos, em média, por planta, produtividade média de 2.500 quilos, por hectare, em regime de sequeiro, e percentagem de 46% de óleo, nas sementes.

As principais recomendações técnicas para o cultivo da EBDA MPB1 é que o preparo do solo deve ser com aração e gradagem, dependendo das condições do solo, e que as correções do solo e adubação devem ser feitas a partir da análise. As plantas não podem competir com ervas daninhas durante os primeiros 60 dias da cultura, e, para minimizar custos, a colheita deve ser realizada com 60% dos frutos já secos.

A mamona

Visando o desenvolvimento sustentável da ricinocultura na Bahia, o governo estadual, através da EBDA, vem investindo maciçamente na cultura, tanto em pesquisa como em assistência técnica, e ainda em novas tecnologias de produção. Como maior produtor dessa oleaginosa, a Bahia é responsável por 84% da mamona produzida no Brasil, com uma área plantada de 141 mil hectares.

“O lançamento desses cultivares representa o esforço dos técnicos da empresa na busca da qualidade de vida do agricultor familiar, e uma contribuição científica inestimável ao desenvolvimento da ricinicultura em todo o país”, comentou Hugo Pereira, diretor de agricultura da EBDA.

A cultura da mamona é responsável por mais de 300 mil empregos na Bahia, promovendo a base de sustentação familiar da pequena produção, nas regiões produtoras. As maiores concentrações de plantio, no Estado, estão nas regiões de Jacobina, Irecê e Itaberaba, com prevalência na pequena produção familiar.