Publicada em 16/08/2008 – 15:50
Atualizada em 18/08/2008 – 12:20

Foi inaugurada no sábado (16), em São Gonçalo dos Campos, município a 108 quilômetros de Salvador, a primeira unidade na Bahia da Fazenda da Esperança – centro de reabilitação para dependentes químicos. A inauguração, que teve uma missa campal em ação de graças, contou com a presença do governador Jaques Wagner, da presidente das Voluntárias Sociais, Fátima Mendonça, de secretários de Estado, religiosos, políticos e empresários locais. A cerimônia religiosa foi ministrada por dom Itamar, bispo da Diocese de Feira de Santana.

A Fazenda da Esperança baiana tem como patrona Irmã Dulce. A primeira unidade foi criada em 1983, pelo frei alemão Hans Stapel, na cidade de Guaratinguetá (SP). O principal objetivo da instituição é recuperar jovens em situação de risco social.

Nesses 25 anos da instituição, 10 mil pessoas já receberam tratamento terapêutico. No Brasil existem 43 unidades e no exterior são 10. Segundo Stapel, esta semana mais duas unidades vão ser inauguradas na Argentina e outra nas Filipinas, que já contam com um centro de recuperação de origem brasileira.

O período de internação é de 12 meses e os que concluem o tratamento alcançam o índice de até 50% de recuperação. Mas a assistência continua fora da fazenda. Grupos de apoio, formados, na maioria, por voluntários que já passaram pela instituição, ajudam os familiares no acompanhamento dos ex-internos, para evitar a reincidência no uso das drogas. Do total dos pedidos de internação, 90% são para homens – a metade está entre 17 e 25 anos.

Livre das drogas

O feirense Adson Barreto começou seu tratamento na Casa de Apoio Nossa Senhora de Guadalupe, no município de Jequié (BA), e depois se transferiu para Lagarto (SE), onde foi implantada a terceira unidade da Fazenda da Esperança no Brasil. Recuperado, ele é um dos mais novos voluntários da Fazenda Irmã Dulce.

A trajetória de Barreto não foi fácil – ele precisou de muita força para reescrever sua história. “Meu pai era alcoólatra e desagregava meu lar. Aos 13 anos experimentei o álcool e não parei por aí. Passei para a cocaína e outras drogas”, disse.

O testemunho de Barreto fundamenta a tese de que, na maioria das vezes, é a falta de estrutura familiar que leva os jovens a se iniciar no mundo das drogas. Hoje, aos 30 anos, ele declarou que se considera um homem livre do vício e preparado para compartilhar sua experiência com jovens em situação de risco social.