A teoria evolucionista do inglês Charles Darwin (1809 – 1882), que aponta para os ancestrais em comum que unem diferentes espécies, foi o principal assunto discutido durante o simpósio “História, Filosofia e Ensino da Evolução”, que reuniu mais de 300 pessoas, entre professores e estudantes, na sede do Instituto Anísio Teixeira (IAT), nesta sexta-feira (1).

O evento integrou os Anos Darwin na Bahia, que começaram em 2008 – quando são comemorados os 150 anos da publicação da teoria da seleção natural – e se estendem até 2009, ano em que são lembrados os 200 anos de nascimento do naturalista inglês.

Uma contribuição significativa para os estudos de Darwin foi dada pela sua passagem pela América do Sul, incluindo a cidade de Salvador. Ao chegar aos trópicos, o entusiasmo de Darwin foi tão grande que, em seus diários, ao descrever a primeira visão que teve da Baía de Todos os Santos, no ano de 1832, ele a caracterizou como “algo tão magnífico que seria difícil de imaginar”.

“A partir do que encontrou nos países sul-americanos, Darwin pôde reforçar suas idéias sobre evolucionismo e fundamentar sua teoria”, explica Peter Bowler, pesquisador da Queen’s University, de Belfast (Irlanda do Norte), referência mundial na área de história da biologia, que proferiu a primeira palestra do simpósio.

Ainda segundo Bowler, a teoria darwinista foi recebida com muito espanto na época. “Darwin afirmava que a evolução é ramificada, acontece em várias direções, e não de maneira pré-determinada, como as religiões européias pregavam”. Além do conflito com a ideologia religiosa vigente, os estudos de Charles Darwin iam na contramão do pensamento da maioria dos naturalistas europeus do século XIX, que era racista. “Darwin condenava as teorias usadas como justificativa para que homens brancos escravizassem negros e índios”, explica Bowler.

Mistura de raças

“Eles ficavam horrorizados quanto à reação que os diversos naturalistas, em visita à América do Sul, no século XIX, tiveram a respeito da mistura de raças. “Consideravam que os brancos eram o topo da cadeia evolutiva e, por isso, podiam exterminar os demais povos”, afirmou o historiador da ciência Juanma Arteaga, lembrando que esse tipo de teoria classificada como “racismo científico” serviu como base para as intervenções dos nazistas alemães na Europa, na primeira metade do século XX.

Outras três palestras foram realizadas pelo geneticista José Mariano Amabis, o professor de Biologia e História da Biologia, Nélio Bizzo, ambos da USP, e a pesquisadora da área de ensino da evolução, Claudia Sepúlveda (Uefs), todas exibidas, via teleconferência, para escolas do interior da Bahia e de cidades do Paraná, São Paulo e Sergipe.

Os Anos Darwin na Bahia 2008-2009 estão sendo realizados com o apoio do Programa de Popularização da Ciência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), órgão vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).