Matéria publicada em 13/08/2008 – 14:50

Atualizada em 13/08/2008 – 15:50

O Balé Teatro Castro Alves reapresenta, nesta sexta-feira (15), às 20h, na Sala Principal do TCA, suas duas mais novas coreografias: “O Azul de Klein”, com a participação da companhia João Perene – Núcleo de Investigação Coreográfica, e “s/título”, inspirada em ‘A Hora em que não sabíamos nada uns dos outros’, do austríaco Peter Handke, com direção de Nehle Franke.

As obras são resultado de dois projetos inéditos lançados este ano, o BTCA Residência e BTCA Convida, que têm apoio da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), por meio da Fundação Cultural e do Teatro Castro Alves. Os ingressos (inteira) custam R$ 10.

O Azul de Klein

A companhia João Perene – Núcleo de Investigação Coreográfica, com cinco anos de fundação, teve o seu projeto de residência coreográfica aprovado pelo BTCA. Foram três meses de atividades e ensaios. “É um presente estar comemorando com o Balé, que sempre foi a minha referência em termos de dança na Bahia. Essa troca de corporalidade entre uma companhia oficial e uma companhia independente calhou”, afirma o coreógrafo João Perene.

O resultado dessa experiência, que uniu bailarinos das duas companhias, é a coreografia “O Azul de Klein”, inspirada na vida e obra do pintor e escultor francês Yves Klein (1928 – 1962). O International Klein Blue foi patenteado nos anos 50 pelo próprio artista, que pesquisou e tentou aplicar a cor às suas telas por muitos anos. Ele considerava o matiz intenso, uma reprodução perfeita do céu de Nice, sua cidade natal.

“Um azul quase escandaloso de tão azul” (Suzana Villaverde – Revista Veja). A partir dos anos 80, o “azul Klein” caiu no gosto da indústria mundial da moda. A música foi especialmente composta pelo cubano Pepe Cisneros. O cenário é de Gilson Rodrigues, a iluminação do francês Gerard Laffuste, e o figurino, do próprio João Perene.

s/título

Um texto sem falas, somente rubricas. Um dos expoentes do chamado teatro pós-moderno, sem a trama cartesiana de começo-meio-fim, mas que contém uma história. Isso é o que apresenta o BTCA na montagem dirigida pela diretora teatral alemã residente no Brasil desde 1994, Nehle Franke, em sua primeira experiência com uma companhia exclusivamente de bailarinos.

O texto da montagem, escrito em 1992 pelo poeta, escritor e dramaturgo austríaco Peter Handke (1942), sugere uma praça pública, onde centenas de transeuntes desfilam suas vidas todos os dias. Nesse ambiente, o público é o receptor, convidado a refletir e discutir uma realidade fragmentada, com personagens anônimos, porém familiares a todos.

O palco vira uma praça que é muito mais que uma praça, é um espaço compartilhado onde muitas histórias se cruzam, situações cotidianas que vão do cômico ao trágico. Nehle diz que esse espetáculo dá muita liberdade em termos de linguagens. “s/título” propõe uma linguagem híbrida entre teatro e dança, baseado na expressão do corpo do intérprete.

Os bailarinos não são apenas os executores, mas também os autores de uma criação coletiva”, destaca. A cenografia é de Igor Souza, Cinthia Santos e Marcos Nunez, da Miniusina de Criação, o figurino de Diana Moreira e Alice Santos, também da Miniusina de Criação, e a trilha musical de Flexa II e consiste num mosaico que explora as sonoridades urbanas.