Uma oficina de toques e cantigas típicas da capoeira aconteceu na tarde desta quinta-feira (7) no auditório do Forte de Santo Antônio Além do Carmo, localizado no Centro Histórico de Salvador.

A oficina é uma contribuição para inserir a capoeira no currículo educativo da Bahia e acontece dentro do projeto Capoeira – Educação pela Paz, uma iniciativa da Secretaria de Cultura (Secult), através da superintendência de Cultura e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).

Durante a oficina, coordenada pelo mestre de capoeira Natalício Neves -conhecido como ‘Pelé da Bomba’, os 40 alunos da primeira turma do Projeto rememoram as músicas das rodas de capoeira e aprimoram o uso de instrumentos musicais.

“A roda musical da capoeira é composta de berimbau, pandeiro, agogô, atabaque e reco-reco”, comentou Mestre Pelé, conhecido como ‘Gogó de Ouro’ e discípulo do mestre Bugalho, considerado um grande tocador de berimbau.

Para o servidor público e poeta Antonio Açucena, capoeirista desde 1972 e aluno da oficina, os temas escolhidos proporcionam aprendizado ímpar para a construção e formação de capoeiristas–educadores.

“Todos os capoeiristas, desde o mestre ao aluno, devem participar de aulas e palestras como essas”, disse Açucena. O Projeto Capoeira – Educação pela Paz prossegue ainda com uma segunda turma até o final do ano (2008).

Na segunda quinzena de agosto, o secretário de Cultura, Márcio Meirelles, e o diretor do IPAC, Frederico Mendonça, participarão da solenidade de entrega dos certificados da primeira turma de capoeiristas-educadores.

Neste segundo semestre mais uma turma de 40 alunos será formada, completando a capacitação de 80 capoeiristas-educadores até o final do ano.

Dentre os 27 módulos do Projeto, são abordados temas como ‘Educação para as Relações Étnico-Raciais’, ‘Capoeira na Perspectiva de Educação Cidadania e Paz’, ‘Aspectos Históricos da Violência Racial e de Gênero’, ‘Arte e Resistência Negra na Bahia’.

A metodologia é a do ‘círculo de cultura’, desenvolvida pelo educador Paulo Freire, que busca aproximar o caráter dialógico e inclusivo da capoeira com vivências pedagógicas colaborativas.

O Ipac é responsável pela administração do Forte de Santo Antônio e pelo dossiê que possibilitou o registro da capoeira como patrimônio imaterial da Bahia desde 2006. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura, também registrou, no último dia 15 de julho (2008), a capoeira como patrimônio cultural do Brasil.

O Forte 

Localizado na Praça Barão do Triunfo, mais conhecida como Largo de Santo Antônio, no bairro de mesmo nome, na Cidade Alta, no Centro Antigo de Salvador, o forte pertencia antes à União, mas está sendo repassado ao IPAC.

O Instituto também fez a restauração completa da fortificação, a tombou como patrimônio da Bahia e a administra desde novembro do ano passado (2007).