O Comércio Varejista da Bahia apresenta expansão de 2,8% em junho, em relação ao mesmo mês de 2007. No comparativo entre os meses de junho e maio de 2008 observou-se variação de 1,4%. A taxa apurada no mês de junho foi a de menor expressividade registrada pelo comércio baiano desde fevereiro de 2004.

Este é o resultado da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) realizada pelo IBGE e analisada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria de Planejamento.

Entre os fatores que contribuíram para a desaceleração das vendas nesse mês estão a elevada base comparativa com igual período de 2007, quando o setor registrou crescimento de 15,3%, e a queda nas vendas do segmento de maior peso do varejo – Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

Quando confrontados com igual mês de 2007, os dados revelaram que, dos oito segmentos que compõem o Volume de Vendas, seis apresentaram variações positivas: Livros, jornais, revistas e papelaria (28,5%), Equipamentos e materiais para escritório informática e comunicação (25,1%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (22,3%), Móveis e eletrodomésticos (14,8%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (11,6%) e Combustíveis e lubrificantes (5,7%).

Registraram variações negativas: Tecidos, vestuário e calçados (-5,7%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-5,1%), no subgrupo de Hipermercados e supermercados a variação foi de -6,3%. Tal desempenho no segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo pode ser creditado à alta dos preços dos alimentos.

Embora nos últimos meses os alimentos venham apresentando aumentos menos acentuados, os preços ainda continuam muito elevados, principalmente dos produtos que compõem a cesta básica. Nos segmentos que não integram o indicador do varejo as vendas expandiram: Veículos, motocicletas, partes e peças (14,0%) e no de Material de Construção (16,1 %).

Segundo Maria de Lourdes Caíres, economista da SEI, “devido as maiores facilidades de acesso ao crédito, tanto por meio das grandes redes varejistas quanto pelos descontos em folha de pagamento, grande parte dos consumidores comprometeu parcelas expressivas de seus rendimentos na aquisição de bens duráveis”. Desta forma, como as transações comerciais desses bens são em prazos elásticos, um número considerável desses consumidores ainda se encontra comprometido com o pagamento dos seus financiamentos e, conseqüentemente, com seus orçamentos limitados para aquisição de produtos essenciais.

O comércio baiano encerrou o primeiro semestre de 2008 acumulando incremento de 7,7%, quando comparado com o mesmo período de 2007. Essa taxa situou-se abaixo da apurada nos seis primeiros meses do ano passado, período em que o setor apresentou expansão de 10,8%.

O desempenho do semestre reforça as expectativas de analistas de mercado e representantes do setor de que o comércio baiano deverá encerrar 2008 apresentando resultado inferior ao do ano passado.

Um dos motivos para este resultado é que, em abril de 2008, depois de quase três anos seguidos em queda, a taxa básica de juros (Selic), que desde setembro de 2007 estava em 11,25%, voltou a subir. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevá-la, em abril, para 11,75% ao ano e, em junho, para 12,25%.

A variação da taxa Selic influencia os juros cobrados nos empréstimos bancários e no crédito direto ao consumidor. Ao aumentar os juros, as autoridades governamentais levam em consideração as metas inflacionárias, à qual está fixada em 4,5% para 2008.