Nascida e criada na Ilha de Maré, em Salvador, Eliete Paraguassu sempre dependeu da pesca para garantir o sustento diário. Separada e mãe de dois filhos, a marisqueira levanta cedo todos os dias para tirar do mar, o produto que serve de alimento e meio para conseguir a sua renda mensal.

Apesar da fartura, uma vez que o local fornece siris, ostras e mariscos, em grande quantidade, Eliete reclama que o volume de pescado que extrai no dia-a-dia não é o mesmo que existia há cerca de 15 anos.

Os problemas como os enfrentados pela pescadora de Ilha de Maré e de mais 80 mil pessoas que vivem da atividade na Bahia foram discutidos durante 12 encontros territoriais da Conferência Estadual de Uso das Águas da União. Durante a etapa de Salvador, realizada nesta segunda-feira (4), os pescadores e marisqueiras foram informados que o setor receberá R$ 50 milhões em investimentos até 2010.

Entre as ações prioritárias para melhoria das condições da aqüicultura e pesca no Estado estão a capacitação profissional, a implantação de unidades demonstrativas e o fornecimento de suporte para a comercialização. De acordo com o assessor de gestão sócio-ambiental da Bahia Pesca, José Carlos Bezerra, já há projetos para o incentivo à criação de espécies rentáveis como bijupirá, robalo, ostras e algas. “As obras do terminal pesqueiro da Ribeira devem ser iniciadas ainda este ano”, informou.

Bezerra disse ainda que o grande desafio na Bahia é reverter a atual realidade da pesca no estado, onde são produzidas apenas 70 mil toneladas de pescado, das 120 mil que consumidas por ano.

Para o presidente da Cooperativa de Pescadores da Bahia, José Dalmo Neto, os encontros realizados em diferentes regiões do estado servem para que a Bahia Pesca tenha acesso a um diagnóstico mais específico. Segundo ele, muitos recursos já foram desperdiçados devido à falta de diálogo entre o governo e os pescadores. “As vezes eram entregues freezers a quem não precisava e quem dependia do equipamento não tinha acesso”, afirmou.

O secretário executivo da Federação dos Pescadores da Bahia, Emílio Alves, defende a implementação de políticas para os pequenos pescadores. Para ele, a iniciativa do Governo do Estado de ouvir as pessoas que vivem do setor representa um grande marco. Segundo Alves, o fortalecimento do setor como um todo depende do apoio à pesca artesanal, “pois é um segmento muito parecido com a agricultura familiar”.