Mais de 300 pessoas já foram beneficiadas pelo Mutirão de Biópsia Hepática, um projeto que envolve o Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) e o Ministério da Saúde (MS), por meio do Programa Nacional de Hepatites Virais. O mutirão acontece aos sábados, no Hupes, contemplando pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) de qualquer município do estado. Os pacientes são previamente avaliados e internados sem burocracia.

O médico hepatologista Raymundo Paraná, responsável pelo Ambulatório de Hepatites Virais do Hupes, afirma que o mutirão veio corrigir a longa lista de espera para biópsia hepática existente nos hospitais públicos.

“Além dos benefícios pertinentes à assistência aos pacientes, o trabalho traz benefícios diretos para o ensino médico, porque os médicos residentes de clínica, infectologia, gastroenterologia e patologia passaram a lidar com um volume de procedimentos e exames condizentes com a necessidade de experiência durante o aprendizado”, explica Paraná.

Paraná conta que a biópsia hepática é um exame que precede necessariamente ao tratamento das hepatites virais e garante o acesso aos medicamentos disponibilizados pelo SUS, através da assistência farmacêutica.

“O Brasil é um dos poucos países que adotam o SUS com assistência farmacêutica de alto custo e nesse contexto se inclui o tratamento das hepatites B e C. Os pacientes são atendidos no serviço público de saúde, inclusive para o oneroso tratamento”, ressalta.

O acesso à biópsia hepática, segundo o médico, é um problema grave observado em todo o país. “Embora seja um procedimento relativamente simples, a biópsia hepática exige internação hospitalar do paciente, de forma eletiva, com permanência por 12 a 24 horas”, observou, lembrando que na Bahia aguardava-se até mais de um ano para a realização do procedimento.

O Mutirão de Biópsia Hepática, adotado de forma pioneira no estado, é realizado em leitos não utilizados durante os fins de semana das clínicas ginecológicas, oftalmológicas e cirúrgicas do Hupes. No dia seguinte (domingo) os pacientes recebem alta.

Paraná disse que são realizadas entre cinco e 12 biópsias a cada fim de semana, período em que, para eventuais intercorrências, a clínica cirúrgica permanece de sobreaviso.

Mais um ambulatório

Também através de uma ação conjunta entre a Sesab e o Serviço de Hepatologia do Hupes, mais um ambulatório de assistência aos portadores de hepatite viral está entrando em funcionamento.

“O Hupes assume a dianteira com cinco turnos de ambulatórios destinados aos portadores de hepatite, que, somados a outros, reduzem o tempo de espera por uma consulta especializada para pacientes usuários do SUS”, afirma o médico.

Paraná destaca ainda a garantia pela continuidade dos exames laboratoriais de biologia molecular, necessários para os portadores de hepatite e realizados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen).