Com uma área plantada de 641 hectares e colheita estimada em 4,39 mil toneladas (segundo dados do IBGE), a Bahia é o maior estado produtor de alho do Nordeste e o quinto no ranking nacional. Embora a área destinada à cultura venha se expandindo e a produção/produtividade esteja crescendo, a Bahia, como a maioria dos estados brasileiros, ainda importa alho.

No sentido de buscar as condições necessárias e tornar a produção competitiva no mercado brasileiro, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri), está orientando os agricultores familiares no uso de tecnologias apropriadas para a cultura. O trabalho abrange os municípios de Ibicoara, Mucugê, Novo Horizonte, Cristópolis, Boninal, Jacobina (Caatinga do Moura), e Mirangaba (Taquarendi), maiores produtores de alho da Bahia.

Segundo Alírio Vanderlei Xavier dos Santos, agrônomo da EBDA e coordenador do Programa de Assistência Técnica à Cultura do Alho, a pretensão é estabelecer ações de fortalecimento e reguladoras da produção. Dentre as ações já efetivadas, ele destaca o acesso às novas tecnologias de produção, a exemplo da instalação de câmaras de vernalização – técnica de resfriamento do alho-semente que provoca a indução da formação do bulbo de alho – além da assistência técnica continuada e melhoria do processo de comercialização.

“As câmaras permitem que os agricultores produzam alhos nobres, de qualidade, competitivos em relação aos produzidos no sul do país, principal região produtora”, explicou Alírio Vanderlei. Atualmente, o alho produzido no estado é comercializado para o nordeste brasileiro, principalmente para o Piauí.

Com relação aos cultivares nobres mais recomendados para a Bahia, o agrônomo informou que o Roxo Pérola de Caçador, Chonan e Jonas são os preferidos, e dentre cultivares comuns, os mais recomendados são Amarante, livre de vírus, Cateto-Roxo e Branco-Mineiro. Para garantir sementes de alho mais produtivas, adaptadas e isentas de vírus, é realizado um trabalho conjunto com a Embrapa Hortaliças, com sede em Brasília.

“É importante conscientizarmos os nossos agricultores da necessidade do emprego de tecnologia, como o uso de alho-semente de qualidade, ainda não incorporado por grande parte dos agricultores, adubação correta, seja química ou orgânica, e irrigação tecnicamente conduzida, como forma de se alcançar maior e melhor produção e, conseqüentemente, melhor preço”, enfatizou o técnico.

Pesquisa

Visando a multiplicação de alho livre de vírus, em ambiente telado, a EBDA está participando de um projeto de pesquisa, juntamente com o Centro Nacional de Produção de Hortaliças, da Embrapa, para avaliação de cultivares livres de vírus, nos municípios de Boninal (comunidades de Carrapicho e Cedro), Novo Horizonte (comunidade de Mutuca), Cristópolis, Jacobina (Caatinga do Moura), e Mirangaba (Taquarendi).

O alho livre de vírus apresenta o bulbo de maior tamanho e de melhor qualidade. “Com a produção desse tipo de alho, espera-se que os agricultores familiares possam competir em mercados mais exigentes, obtendo maior lucro, o que influenciará na melhoria da qualidade de vida do agricultor familiar”, comentou Humberto Morais, técnico da empresa que assiste os agricultores familiares dos municípios de Boninal e Novo Horizonte.

Os cultivares de alho normalmente são infectados com vírus, o que deprecia a qualidade do bulbo, reduzindo o seu tamanho e, por conseguinte, diminuindo o rendimento médio da cultura. Os vírus são, geralmente, transmitidos por pulgões ou por bulbilhos contaminados, guardados de uma safra para outra, para o plantio. O ambiente telado interrompe o ciclo, protegendo o alho do ataque dos pulgões, evitando a contaminação.

Além desse trabalho, a Empresa ainda desenvolve outras ações, na área, como a implantação do banco de sementes e a atualização do Sistema de Produção de Alho.