O conjunto urbanístico e arquitetônico do Centro Antigo de Caetité, que detém imóveis originários dos séculos 18, 19 e 20, está a salvo de demolições. O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), da secretaria estadual de Cultura, finaliza os trabalhos de pesquisa para a criação de uma poligonal de tombamento pelo Estado, como patrimônio da Bahia.

Localizado a 757 km de Salvador, na região sudoeste baiana, Caetité é o município que tem mais imóveis tombados pelo IPAC, depois da capital, detendo sete tombamentos ‘definitivos’ e cinco ‘provisórios’, totalizando 12 construções consideradas patrimônios culturais.

De acordo com o diretor geral do Instituto, arquiteto Frederico Mendonça, os tobamentos, sejam provisórios ou definitivos, já garantem a integridade dos imóveis e monumentos. O casario do centro de Caetité vêm sendo ameaçado pela forte especulação imobiliária presente nos últimos anos na cidade. As mudanças urbanas começaram com a circulação de riqueza trazida pela exploração das jazidas de ferro, manganês e urânio que o município dispõe, exportadas até para o Canadá.

“Isso é comum acontecer em centros urbanos que passam por acelerada progressão econômica e financeira, mas, queremos mostrar que a preservação do patrimônio edificado é viável e pode, inclusive, ser mais um vetor para o desenvolvimento da cidade”, explica Mendonça. Nessa perspectiva, em julho deste ano (2008), o IPAC promoveu na cidade exposição comemorativa de 40 anos do Instituto, encontro público sobre ‘Patrimônio e Desenvolvimento’ e oficinas patrimoniais com participação da população.

Poligonal de Tombamento

Agora, o IPAC estuda a criação da área de proteção rigorosa para o centro de Caetité, que deverá ter cerca de 160 mil metros quadrados, demarcada através de uma poligonal, delimitando a zona de preservação do casario de importância arquitetônico-histórica. “Em março deste ano (2008), iniciamos processo semelhante para a Estação Hidromineral de Cipó, construída na década de 1930 e considerada o conjunto de arquitetura art déco e neocolonial mais conservado do Brasil”, relata Mendonça.

Na poligonal de Caetité, encontram-se casas da Praça Rodrigues Lima, Igreja de São Benedito, casa natal de César Zama, o Caetité Hotel, entre outros imóveis relevantes. A casa onde nasceu Anísio Texeira, a do Barão de Cartité e a do Coronel Cazuzinha, imóveis já tombados pelo IPAC, integram também esse conjunto. O Observatório Meteorológico, construído no início do século XX, está em estudo para tombamento e sua vizinhança, igualmente, será considerada área de proteção rigorosa.

Histórico

Caetité faz parte do território de identidade “Sertão Produtivo”, onde o governo estadual desenvolve diversas ações que beneficiam cadeias produtivas do semi-árido, aperfeiçoa sistemas polidutivos verticalizados, amplia a produção e integra redes de inserção competitiva dos produtos nos mercados local, nacional e internacional. Originalmente habitado por indígenas da linhagem Jê – tupinaens e pataxós -, Caetité já tinha, no século 18, núcleo católico de catequese. Seu nome deriva das palavras tupi ‘caa’ (mata), ‘ita’ (pedra) e ‘eté’ (grande), referência à formação rochosa à leste da cidade, conhecida por ‘pedra redonda’.

No final do século 18, registra-se a fazenda São Timóteo, entreposto do ouro que descia da chapada para o porto de Parati, no Rio de Janeiro. Em 1724, passa a pertencer à Vila de Rio de Contas, emancipada de Jacobina, e, em 1754, torna-se freguesia. Até início do século XIX, a população se mobiliza, comprando à Coroa o direito de tornar-se Vila, emancipando-se de Rio de Contas em 1810. Foi elevada a cidade em 1867. De seu território, originaram-se 47 municípios baianos.