A lista dos 150 novos Pontos de Cultura selecionados dentre os 394 inscritos no edital da Secretaria de Cultura foi divulgada, nesta terça-feira (2), no Diário Oficial do Estado. A Bahia passará a contar com 218 Pontos de Cultura distribuídos por 26 territórios de identidade, mais do que triplicando os 68 pontos existentes.

Cada ponto receberá R$ 60 mil por ano, durante três anos, para desenvolver ações continuadas em suas comunidades como oficinas de formação, atividades de intercâmbio, circulação e memória. No período, serão investidos R$27 milhões nos projetos desenvolvidos em todos os 26 territórios de identidade da Bahia (municípios agrupados a partir de características sociais, econômicas, culturais e geo-ambientais). O resultado já está disponível no site da Secult – www.cultura.ba.gov.br .

O projeto Pinaíndios – Culturas em Rede, da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí), que vai promover ações educacionais de integração e divulgação da cultura indígena, obteve a maior pontuação, com 96,7 de 100 pontos possíveis. Em segundo lugar, com 91,4 pontos, ficou o projeto de Educação Integral Oca da Minhoca, de cultura popular, com crianças do município de Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina. Classificado em terceiro lugar, com 81,4 pontos, o Memorial de Fazeres e Saberes Populares, da Casa Anísio Teixeira, em Caetité, vai promover a identificação, cadastramento e difusão do conhecimento de mestres populares.

Associações ligadas às tradições afro-brasileiras também estiveram entre os projetos mais bem pontuados, como o projeto Oju Ilê Fun Fun, do terreiro da Casa Branca, que contempla música e audiovisual, e foi classificado em quarto lugar, com 82,6 pontos. Outro projeto da Chapada Diamantina, o Circo do Capão, em Palmeiras, que envolverá aulas de circo, dança e teatro no distrito de Caeté – Açu, ficou em quinto lugar na classificação final.

Qualificação

A comissão que escolheu, por mérito, os 150 projetos, depois de duas etapas de análise – de documentos e técnica – contou com a participação de Tarsila Portela e Paulo Brum, representantes do Ministério da Cultura, responsável por integrar uma rede de aproximadamente 685 pontos em todo o Brasil. Na Bahia, já existem 68 pontos de Cultura, número que vai pular para 218 com os novos convênios. O número de Pontos de Cultura instalados em cada território foi proporcional ao número de municípios e sua população. "Caso os projetos não apresentassem qualificação, outro território acabaria ocupando a vaga prevista", explicou a coordenadora do edital, Sophia Rocha.

“A realização de oficinas de capacitação em 13 municípios, com a participação de mais de 450 pessoas, além da articulação com representantes de todos os territórios de identidade, resultou numa diversificação salutar tanto da natureza dos projetos, quando da localização das organizações comunitárias contempladas” avalia a superintendente de Cultura da Secult, Ângela Andrade. “A distribuição foi equilibrada em todo o território baiano. A região metropolitana ficou com 23 projetos, a Chapada, com nove, e regiões como o Recôncavo e o extremo sul, com sete. Aproximadamente 105 municípios foram contemplados”, completa a superintendente.

Dentro do sistema de cotas, foram previstas vagas para comunidades indígenas e quilombolas. Além da abrangência geográfica, as propostas contemplaram as mais variadas manifestações de cultura local, memória e história, num painel rico e diversificado.

Sustentabilidade

Ao apoiar associações comunitárias que atuam, em geral, com poucos recursos, sem infra-estrutura e, quase sempre, de forma voluntária, o projeto Pontos de Cultura, uma das ações prioritárias do programa federal Mais Cultura, tem como objetivo garantir a continuidade e a sustentabilidade de iniciativas consideradas importantes para o desenvolvimento social do país por meio da cultura. "Os projetos devem ter como meta a geração de renda e a sustentabilidade", enfatiza a diretora da Superintendência de Cultura da Secult, Neuza Britto.

Para que o trabalho tenha início, no primeiro ano, todos os Pontos de Cultura selecionados deverão investir R$25 mil na aquisição de equipamentos multimídia, fundamentais para a inclusão digital dos grupos e sua integração à rede nacional.

A diversidade de projetos vai possibilitar o intercâmbio não só de organizações que desenvolvem atividades semelhantes como também entre aquelas que trabalham com linguagens diferentes. Com a rede, grupos que desenvolvem projetos de tecnologia digital, por exemplo, vão poder interagir com outros que trabalham com cultura oral, o que abre possibilidades inéditas de troca de informações.