A sede da Secretaria da Cultura do Estado será transferida, até o fim deste ano, para o Pelourinho, onde passará a ocupar dois casarões: o Paço do Saldanha (antiga sede do Liceu de Artes e Ofícios) e o antigo Solar Seminário São Dâmaso. O anúncio foi feito pelo secretário Márcio Meirelles, nesta terça-feira (16), à noite, na solenidade de reabertura do Solar Ferrão, transformado no mais novo espaço cultural do Centro Histórico.

“A mudança atende às prioridades apontadas pelas câmaras temáticas, oficinas de trabalho realizadas de 22 a 31 de julho, em que junto à comunidade local foram discutidas ações para a revitalização do Centro Histórico, dentro do novo modelo democrático que vive a Bahia”, explicou Meirelles.

Atualmente, a Secult funciona no mesmo prédio da Desenbahia, na Avenida Tancredo Neves. “Só a ida da Secult para o Pelourinho já vai representar um impacto na dinamização do fluxo econômico-populacional da área, com o trânsito diário dos cerca de 500 funcionários da secretaria e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb)", completou Meirelles.

A Secult ficará localizada na área de abrangência da sétima etapa do projeto de recuperação do Centro Histórico. O local abrange o quadrilátero delimitado pela Rua Monte Alverne (antiga Rua do Bispo), onde se localiza o prédio do antigo Seminário São Dâmaso, pela Ladeira da Praça, pela Rua Saldanha da Gama, onde fica o prédio anexo, recentemente restaurado, do antigo Liceu de Artes e Ofícios, e pela Rua São Francisco.

Solar

Pelo lado cultural, uma das medidas para a revitalização do Pelourinho foi a reabertura do Solar Ferrão. Com 318 anos de história, o casarão ganhou uma nova iluminação e foi adaptado para abrigar eventos.

O espaço, que foi batizado com este nome por conta da família nobre que residiu nele no final do século XVIII, estava sendo ocupado, mais recentemente, apenas para as atividades administrativas do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC). Hoje, concentram-se no local uma galeria, um museu (Abelardo Rodrigues), além da biblioteca do IPAC.

Para o músico João Jorge, presidente do grupo cultural Olodum, a reabertura do Solar é mais um importante passo para um novo momento no Pelourinho. “No passado, esse casarão abrigou nobres, mas também escravos, hoje ele é um espaço para a cultura também aberto para as manifestações artísticas da comunidade afrodescendente”, disse.

Na festa de reabertura do Solar do Ferrão, os sons dos timbaus do Pelourinho foram misturados à batida eletrônica, além de vídeos que exibiam a importância das tendências culturais. "A intenção é que o Solar funcione como a principal âncora cultural do Pelourinho”, disse Meirelles.

O casarão, por si só, já é um atrativo, por conta da riqueza arquitetônica. Tombado em 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o prédio é um dos mais conservados e imponentes do Pelourinho, tendo três pavimentos na parte frontal e seis no fundo.

Atrações permanentes

Com acervo de 850 peças de arte sacra, o Museu Aberlardo Rodrigues é uma das atrações do Solar Ferrão, além da galeria para exposições e a biblioteca. O local abriga ainda um arquivo fotográfico com centenas de imagens do patrimônio edificado da Bahia e uma coleção de arte que foi doada ao estado pelo empresário italiano Claudio Masella, já falecido.

Grande apreciador da arte africana e apaixonado por Salvador, Masella reuniu cerca de 1,2 mil obras provenientes da Nigéria, Costa do Marfim e República dos Camarões.

Os projetos da Secult ainda prevêem a instalação no imóvel de um centro digital, possibilitando acesso gratuito à internet, em banda larga, para toda a região do Pelourinho. O local também será usado para a promoção de cursos de inclusão digital e para abrigar a sede de um portal que vai concentrar na rede web informações sobre o Centro Histórico de Salvador.