A partir de outubro deste ano, o Solar Ferrão – que teve sua construção iniciada entre o final do século 17 e o início do 18 – tombado como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), será reaberto pelo governo da Bahia para se tornar o maior centro cultural do Pelourinho. A iniciativa é da Secretaria de Cultura (Secult), via Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), autarquia proprietária e gestora do imóvel.

O edifício tem seis andares e foi construído em um grande declive que vai da Praça da Sé até a Avenida José Joaquim Seabra, conhecida como Baixa dos Sapateiros. A intenção é que o solar funcione como a principal âncora cultural do Pelourinho, na poligonal do Centro Histórico de Salvador, área delimitada pelo tombamento federal do Iphan e que reúne cerca de 10 bairros da capital baiana.

Segundo o diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça, o Solar Ferrão é um dos monumentos mais importantes da poligonal do Centro Histórico de Salvador. “O solar merece estar à disposição da visitação pública na sua totalidade, porque, além de ser um monumento tombado individualmente pelo Iphan desde 1938, tem notável valor arquitetônico e é um dos mais belos e imponentes casarões do Pelourinho”, explica. Até hoje, o prédio não havia sido aberto na sua totalidade para a visitação pública permanente.

O Ferrão, que tem três pavimentos na parte da frente e seis no fundo, hospedou a sede do Ipac por mais de 20 anos, abriga o Museu Abelardo Rodrigues, com acervo de 850 peças de arte sacra, notadamente barroca, além de galeria para exposições e a biblioteca do instituto.

O solar dispõe ainda de arquivo fotográfico com centenas de imagens do patrimônio edificado da Bahia e uma coleção de arte doada ao Estado pelo empresário italiano Claudio Masella, que já morreu. Apreciador da arte africana e apaixonado por Salvador, Masella reuniu ao longo da sua vida 1,2 mil obras de diversas nações e reinos da Nigéria, Costa do Marfim e República dos Camarões.

“Antigas edificações restauradas, como os centros culturais do Banco do Brasil no Rio de Janeiro e São Paulo, também funcionaram como ‘âncoras’ para atração de públicos interessados em arte e cultura nas áreas centrais dessas cidades”, explicou Mendonça. Ele afirmou que a proposta da Secult é mais ampla, porque agrega também a utilização social e educacional do monumento tombado.

“Estaremos inaugurando uma nova biblioteca totalmente informatizada e preparada para atender a especialistas e pesquisadores, mas também a estudantes locais e à população do Pelourinho e adjacências”, declarou.

O imóvel abrigará ainda um infocentro de um projeto digital, possibilitando acesso gratuito à internet sem fio, em banda larga, para toda a região do Pelourinho, promovendo cursos de inclusão digital e criando um portal que vai concentrar na Rede WEB todas as informações sobre o Pelô.

Nova gestão para espaços culturais e museus

A concepção para esse uso do Solar Ferrão integra o novo plano de gestão para os 13 museus e espaços artístico-culturais do Ipac. Além do Ferrão, o Ipac é responsável pelo Museu de Arte Moderna (MAM), Palacete das Artes – Rodin Bahia, Museu de Arte da Bahia, Palácio da Aclamação e Museu Recolhimento dos Humildes, entre outros.

Desde o início de 2007, a Secult/Ipac faz investimentos em exposições, oficinas e eventos. De 2007 a este ano, foram investidos mais de R$ 8 milhões. “Mas agora a intenção é promover a criação de núcleos com atuação transversal e articulada nas áreas de museologia, restauração, montagem, produção e eventos, arte-educação, comunicação e administração, inclusive no Ferrão, que também passa a ser um espaço cultural na sua totalidade física”, destacou Mendonça.