Publicada às 18h30

Atualizada às 19h00

Três acordos de cooperação técnica assinados, nesta terça-feira (16), na Governadoria, por representantes do Governo do Estado, iniciativa privada e instituições federais e municipais, dão novo fôlego ao Plano Estadual de Reabilitação do Centro Antigo de Salvador.

Por meio deles, serão investidos R$ 8,5 milhões em ações que contemplam segurança e sustentabilidade ambiental e socioeconômica.

A área em questão envolve 14 bairros de Salvador, localizados num raio de 7 quilômetros quadrados em que vivem cerca de 67 mil pessoas, sendo 14 mil apenas no Centro Histórico, cuja região mais central engloba o Pelourinho, Taboão, Baixa dos Sapateiros e Santo Antônio Além do Carmo.

O plano terá dois anos para a sua total execução, com projetos de curto, médio e longo prazos.
O mais imediato, de revisão da iluminação pública e implantação de iluminação cênica, tem como parceiros, a Coelba, as secretarias estaduais da Cultura (Secult) e Infra-Estrutura (Seinfra) e municipal de Serviços Públicos (Sesp), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Fórum Municipal para o Desenvolvimento Sustentável do Centro da Cidade.

Consiste em uma revisão da atual iluminação com a troca de equipamentos e a implantação de um plano de eficiência energética, além da iluminação cênica de 23 monumentos como a Faculdade de Medicina, a Catedral Basílica e a igreja de são Francisco, integrantes do projeto-piloto previsto para dezembro.

Um projeto simples que vai proporcionar maior segurança para moradores e visitantes, e, ao mesmo tempo, a valorização do patrimônio arquitetônico composto de imóveis seculares.

“Vamos utilizar lâmpadas mais modernas, de melhor qualidade e menor consumo e também realizar um programa de treinamento com moradores e comerciantes para a redução da conta de energia”, explicou o presidente da Coelba, Moisés Sales, durante a solenidade.

Culto afro

O segundo acordo prevê a reconstrução do mercado de São Miguel, instalado numa área de 1600 metros quadrados, na Baixa dos Sapateiros, com o objetivo de fortalecer o abastecimento e a economia locais, com foco também na comercialização de produtos ligados ao culto afro.

A proposta vai ao encontro de uma antiga reivindicação dos próprios moradores e sua execução está a cargo da Secult, Associação dos Lojistas da Baixa dos Sapateiros (Albasa), Sesp, Instituto do Patrimônio Artístico e cultural (Ipac), Sebrae, Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Ambulantes da Bahia (Sindfeira) e Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração (Sicm).

“Essa demanda vai atender a aproximadamente 350 famílias que vão se instalar naquela região – com a conclusão da sétima etapa do Programa de Revitalização do Centro Histórico – e, naturalmente, precisar de centros de compras”, disse o secretário da Cultura, Márcio Meirelles.

Ele lembrou que o atual governo fez a opção por um novo modelo de governança do Centro Antigo, sem sobreposição de ações, e sim com a união de esforços das três esferas de governo e da iniciativa privada para se evitar o desperdício de energia e de recursos.

“O novo modelo foi construído pensando-se na área como uma trama urbana, revitalizada economicamente, com o envolvimento de todos os atores sociais – governo, moradores, artistas e comerciantes”, afirmou Meirelles.

Um programa de sustentabilidade ambiental, a ser desenvolvido pela Vega engenharia Ambiental e secretarias da Cultura e do Meio Ambiente, objeto do 3º documento de cooperação técnica, ilustra bem essa idéia.

Primeiro, será feito um diagnóstico das zonas de não conformidade ambiental, com análise de detalhes como disposição do lixo, poluição sonora e focos de mosquitos.

Na seqüência, implantada a coleta seletiva e desenvolvido um projeto de educação ambiental com a comunidade. O objetivo é tornar o Centro Antigo um lugar limpo, agradável e que possa ser cuidado por todos que moram e visitam, mobilizando para a preservação do espaço como condição fundamental para sustentabilidade da região.

O CAS é um dos pólos turísticos mais visitados do Brasil e, nesse espaço, o Governo da Bahia pretende desenvolver uma visão moderna de turismo, segundo o governador Jaques Wagner: “O turismo moderno aponta para o intercâmbio de pessoas. Por isso, não compramos a idéia de uma revitalização literalmente de fachadas, com assepsia da população”, enfatizou.

O prefeito de Salvador, João Henrique, também participou do ato de assinatura dos acordos na Governadoria.

Chancela da Unesco

Antes de ser colocado em prática, o Plano de Reabilitação do Centro Antigo foi apresentado, no ano passado, à Unesco, em Paris, e seus dirigentes aclamaram-no como um “projeto inteligente”, tendo sido integralmente apoiado. No fim do ano, foi assinado um acordo de cooperação técnica, com o organismo da ONU, que resultou na criação das Câmaras de Trabalho Coletivo, com a participação de moradores, comerciantes e governo.